domingo, 25 de novembro de 2012

Olhares da mídia-educação ao cinema: entre a Pequena Miss Sunshine, Kiriku e a experiência da produção de animação



Para discutir a relação  cinema, criança e educação no contexto da mídia-educação, começamos a problematizar os usos do filme na escola para além do seu caráter de substituição. A importância de entender o cinema como arte, indústria, entretenimento e linguagem nos leva a discutir seu estatuto epistemológico e sua importância na formação: acesso à cultura, imaginários, valores, experiências de encontro, repertórios comuns e tantos outros aspectos que podem ser ressignificados a partir das histórias que os filmes trazem. Retratos de uma pesquisa intercultural sobre a relação criança e cinema e um percurso didático na escola mostram que é possível trabalhar com diversas dimensões do filme na escola e tal experiência é compartilhada no livro Crianças, cinema e educação: além do arco-íris.  

Na perspectiva da mídia-educação, os filmes podem ser apreciados, interpretados, analisados e também produzidos, por que não? Mesmo sem ser pretexto para outras atividades, se tivermos a possibilidade de assistir e discutir certos filmes de forma contextualizada, certamente será uma experiência mais rica se reconhecermos os códigos de sua linguagem audiovisual e sua estrutura narrativa. E se pensarmos nos filmes como possibilidade de formação, critérios de escolha e adequação precisam ser discutidos pedagogicamente para pensar nas mediações necessárias.

Com tais pressupostos fizemos um exercício de análise de filmes para crianças a partir de um roteiro prévio e de alguns textos para ampliar o olhar.


Assistir ao filme A Pequena Miss Sunshine (J. Dayton e V. Faris, EUA, 2006) foi uma ocasião de discutir certos valores de uma “família desajustada” focalizando a imagem da criança (sonhos, dilemas, atitudes e corporeidades), o silêncio como gesto e espaço interno de elaboração e confronto), a travessia como transformação e descoberta, a crítica com leveza e bom humor. Tantas outras impressões e reflexões compartilhadas que constroem visibilidades a partir do olhar do outro que amplia o meu.

Como experiência de produção, a proposta de uma mini-oficina de animação, com participação especial de Alessandra Collaço, possibilitou o exercício de expressão em outras linguagens.  A  partir da técnica do stop motion  pequenas equipes  brincaram de  animadores e produziram suas primeiras animações.

E por falar em animação, assistir  Kiriku e a feiticeira (M. Ocelot, Franças, 1998) trouxe um outro exercício do olhar para a outras estéticas e para a diversidade. O pequeno protagonista e herói é uma criança com necessidade de entender melhor o mundo em que vive  de ajudar a aldeia onde mora. Para isso, ele pergunta. Suas perguntas percorrem a trama fílmica e narrativa em cenários de uma representação da África de forma muito original e respeitosa. Tradições, cantos e danças nos rituais coletivos  destacam o papel da criança e do ancião. O simbolismo que expressa as luzes e cores na história não passam despercebidos. Enfim, um filme de animação que encanta pela simplicidade e que certamente é possível  articular com tantas outras histórias de cada um.