domingo, 8 de novembro de 2020

Grupos 6 e 7: 11/11/2020 (Criança, a Alma do Negócio)

Criança, a Alma do Negócio















O documentário Criança, a Alma do Negócio foi produzido no ano de 2008 pela Maria Farinha Filmes, direção de Estela Renner e roteiro de Estela Renner e Renata Ursaia, realizado no Brasil e possui duração de 49min. Neste documentário a cineasta Estela Renner abordou os assuntos sobre a mídia direcionada para o público infantil, como as crianças absorvem as propagandas diariamente e como as publicidades afetam o consumismo infantil.

O documentário abarca a visão de diferentes grupos sociais e seus diferentes relacionamentos com o consumo. Em uma casa de tapume a criança relata que mexe muito até com o coração, porque quando a pessoa vê alguma coisa ali que gostou, a única coisa que a pessoa quer é ir lá na loja e comprar. Eu acho que é mais fácil a criança ir lá, pedir para a mãe e a mãe não ter, aí sim que o coração da criança, até vontade de chorar a criança tem. Em uma outra cena uma criança, com uma mesma idade, numa casa bem estruturada relata que já está no quarto celular. Tamanho abismo entre as famílias nos revela que essas propagandas não apenas vendem mercadorias, de fundo temos uma narrativa que diz: para ser pertencente a esta sociedade é preciso possuir um determinado conjunto de coisas.

Esta narrativa possui duas faces, de um lado temos uma criança de classe média e classe média alta crescendo acríticas ao que consomem e do outro crianças pobres frustradas ou com pais endividados para conseguirem atingir os desejos das crianças. Como bem apontado no documentário, como cobrar dos pais uma ação diferente sendo que os órgãos reguladores de propaganda no Brasil são encabeçados pelos próprios criadores de propaganda? Está é uma discussão muito complexa a ser feita com as comunidades escolares sobre esta relação com o consumo, que também é uma discussão de modo de vida. Tendo em vista que este consumo desenfreado também gera um impacto no meio ambiente.

No Brasil há legislações em vigor que regulam a publicidade voltada à criança. O Código de Defesa do Consumidor, através da Lei nº 8.078/1990, considera ilegal a prática de direcionar publicidade ao público infantil, de qualquer tipo de produto ou serviço, em qualquer meio de comunicação. Há também o Marco Legal da Primeira Infância que protege a criança contra a violência e pressão consumista e adota medidas que evitam a exposição precoce à comunicação mercadológica. Por fim, a Resolução nº 163 do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) adota o conceito de abusividade para toda e qualquer publicidade dirigida ao público infantil, com o intuito de persuasão ao consumo de produtos ou serviços. Por consequência, a maioria dos canais de TV aberta reduziram ou simplesmente pararam de exibir desenhos animados ou conteúdo infantil em sua programação.

É importante ter em mente que o documentário foi produzido em 2008. Mais de uma década após sua realização, também se faz necessário adaptar as narrativas. Em 2020, as crianças assistem muito menos à TV aberta, passando a usar mais as redes sociais, YouTube, Netflix ou outros serviços de streaming. Recentemente, no início de novembro de 2020, o vídeo “Baby Shark” passou a ser o vídeo mais visto no YouTube, com mais de 7 bilhões de visualizações, o que nos mostra uma mudança nos hábitos dessa geração.

Precisamos ter a consciência que não são apenas as propagandas voltadas ao público infantil que têm influência sobre as crianças, mas também a publicidade para os adultos, que continuam a passar a todo momento na televisão aberta, por assinatura ou internet. O público infantil também assiste a essas propagandas e é afetado por elas. Comerciais de cerveja, por exemplo, perpetuam a cultura machista dentro da nossa sociedade.

Segundo os termos de uso das principais redes sociais utilizadas atualmente, só podem cadastrar-se nelas pessoas com mais de treze anos e, a partir desta idade, deve haver um uso supervisionado por responsáveis até que o usuário complete 18 anos, mas sabemos que, na prática, não é bem assim. Com o acesso cada vez mais precoce às redes sociais, crianças entram em contato, também, com os padrões de beleza inalcançáveis mostrados através de filtros e edições. Não é à toa que o Brasil seja o líder mundial em cirurgias plásticas entre adolescentes, entre 13 e 18 anos, e que, na mesma faixa etária, tenha sofrido um aumento de 141% no número destes procedimentos em apenas 10 anos. Gostaríamos de ressaltar ainda que os procedimentos cirúrgicos não são a única forma de intervenção estética realizada por jovens.

Mesmo crianças que não possuem acesso indiscriminado à internet, frequentam escolas e outros ambientes sociais, nos quais, entram em contato com toda a pressão estética que temos hoje. Na escola, por exemplo, crianças sofrem bullying por terem orelhas “de abano”, narizes considerados grandes ou, ainda, um cabelo que não seja liso. Tudo isso, faz com que cresçam com inúmeras inseguranças e, na primeira oportunidade, busquem uma forma de “consertar o problema” e se submetam a procedimentos extremamente invasivos e arriscados sem que exista uma motivação além da aprovação social. Afinal, se observarmos pessoas de grande visibilidade, quase todas se submeteram e se submetem a estes processos, criando uma padronização de corpos e rostos: todas com um mesmo nariz, boca, cabelo e por aí vai.

O documentário também faz um alerta sobre os hábitos alimentares das crianças, principalmente em relação ao consumo de biscoitos, salgadinhos e outros produtos industrializados. A publicidade e o marketing trabalham a favor do consumo destes produtos, criando estratégias para aumentar as vendas. Tudo é pensado em detalhes: desde a criação da embalagem até os valores atribuídos aos produtos nas campanhas publicitárias. O documentário também mostra que algumas crianças conheciam bem a embalagem e o nome de alguns salgadinhos, mas tinham dificuldade em reconhecer certos legumes e verduras.

Esse é um indicativo de como a publicidade, através do fortalecimento da marca, tem o poder de atingir os consumidores e fazer com que o produto seja parte do seu cotidiano, do seu vocabulário, do seu pensamento. Quanto ao desconhecimento dos nomes de legumes e verduras, é importante também ressaltar que muitas vezes as crianças têm contato apenas com o alimento pronto, e não participam do processo de preparação da comida. É importante que as crianças, dentro de suas capacidades, façam parte desse processo – despertando assim a curiosidade da criança em provar o alimento que ela ajudou a preparar. Cozinhar também é uma forma de reforçar os vínculos familiares, ao se trabalhar em conjunto, em harmonia. A afetividade vivenciada em momentos como o da preparação das refeições tem participação essencial na formação da subjetividade da criança.

Apesar de que algumas características e pontos apresentados no documentário tenham modificado e estão se modificando atualmente, com o avanço da tecnologia, continua sendo central na questão: o consumo de certos produtos ainda é o portal para o ingresso de aceitação do indivíduo nos grupos sociais. Permanece ainda sendo necessário uma maior problematização sobre esse assunto. É compromisso da escola, família, da sociedade em geral, estar pensando em conjunto formas de tornar esse consumo infantil mais consciente, assim como, pensar em uma educação que incentive a utilização de modo crítico das mídias que oferecem conteúdos infantis.


Texto escrito por: Allana Krug de A. Ferreira, André Luiz Umeki Machado, Larissa Peres de Matos, Liziane Souza e Marcos Vinicius de Oliveira Antunes Simões

Grupos 6 e 7: 11/11/2020 (Tarja Branca)

 Tarja Branca - A Revolução que Faltava














Ficha Técnica

Ano de produção: 2014
Gênero: documentário
Línguas disponíveis: português
Roteiro: Marcelo Nigri
Direção: Cacau Rhoden
Argumento: Cacau Rhoden, Estela Renner e Marcos Nisti
Produção executiva: Juliana Borges
Direção de fotografia: Janice d’Avila
Assist. de direção: Thais Cocca, Fádhia Salomão, Helena Guerra
Montagem: André Finotti
Coord. de pós produção: Geisa França
Produção: Cacau Rhoden, Estela Renner e Marcos Nisti
Trilha Sonora: André Caccia Bava, pela Animal Estúdios
Países de filmagem: Brasil
Duração: 80 min
Classificação: Livre


O documentário “Tarja Branca” retrata a importância da brincadeira em todas as idades, em que a brincadeira se torna uma das diversas formas de se expressar, sendo essencial ao homem e ao seu crescimento e desenvolvimento, se construindo como ser. Ela surge a partir de variadas maneiras em diferentes etapas da vida, por isso pode-se afirmar que brincar é viver.

A brincadeira motiva não somente as crianças, como também os adultos. Ela carrega consigo a liberdade, a criatividade e a alegria. É por meio dessa linguagem espontânea que se permite abrir visões de mundo, trazendo espaços que nos inspiram a ser aquilo que queremos ser.

Outro ponto relevante presente no documentário é em relação a brincadeira e a criatividade, em que elas são indissociáveis. Estas são fundamentais para o desenvolvimento da criança e consequentemente do adulto, uma vez que temos crianças que brincam e que se deixam levar pela imaginação, tendo assim um “alto grau” de criatividade, teremos adultos muito criativos e com boas ideias para o melhoramento do nosso país, e porventura, do planeta.

Nesse viés, o lúdico e a brincadeira devem se fazer presentes na vida adulta. Muitas vezes achamos que não podemos ter certas atitudes, as quais denominam-se “ser muito de ‘criança’”. Mas não seria isso o mais legal? Quando somos crianças não nos importamos com as opiniões alheias, simplesmente fazemos. Claro que na vida adulta não podemos levar tudo nessa perspectiva de vida, mas sim deveríamos colocar o lado lúdico das coisas nas nossas vivências diárias, ou seja, no lugar certo, uma vez que se tem essa necessidade, a fim de que possamos ter uma vida mais plena e feliz. A expressão usada pela pedagoga Maria Amélia, participante do documentário, que é muita profunda, já aponta toda a preocupação e traz em contexto o objetivo deste, “Brincar é usar o fio inteiro”, isso é lindo! Deveríamos sempre ‘usar’ o fio inteiro!

De acordo com a última sentença, vale ressaltar que nos últimos tempos temos um aumento expressivo de doenças como a depressão e a ansiedade, além de termos adultos frustrados e com medo. Aqui abre-se um ponto para explicar questões que se tornam pertinentes. Primeiramente, é necessário refletir sobre a importância do ócio, do tempo livre. Nos dias atuais temos crianças que não param, elas possuem atividades “extras”, como o ballet, aulas de inglês, natação, além de outras ocupações, ditas como importantes para os pais. Ou seja, elas não possuem tempo para ficarem estagnadas, isto é, um tempo para “não se fazer nada”. Assim, a brincadeira acaba sendo esquecida e deixada de lado, sendo substituída por afazeres, que muitas vezes, não despertam as crianças como um simples brincar estimularia, por exemplo. Vale destacar que a brincadeira em si carrega muito mais do que se imagina, é com ela que se inicia os primeiros processos de formação, tanto da criança, com seus próprios pensamentos, modos de agir e de ser, quanto daquilo que está ao seu redor, instigando a mesma a interagir com o meio social a qual faz parte.

Nesse contexto, evidencia-se que o título deste documentário traz essa questão. O termo “Tarja Branca” está correlacionado com os remédios considerados tarja preta, os quais são destinados ao tratamento de muitas doenças, entre elas a depressão e a ansiedade, citadas anteriormente. O remédio considerado “tarja branca” seria, então, a brincadeira, a ludicidade, tudo que estas portam consigo. Como já citado, o brincar e o lado lúdico se fazem necessários em todas as etapas da vida. Por isso, passa a ser considerado um “remédio” brando, ou seja, que não interfere nocivamente, de forma agressiva, ao organismo. Pelo contrário, elas são essenciais para conseguirmos ter uma vida alegre e feliz. O nosso lado criança, nunca pode morrer, ele precisa se fazer presente em nossa vida diariamente, a fim de nos proporcionar uma segunda infância. Assim sendo fica a sugestão, “Brincar é viver!” Quando a criança brinca, ela acha a solução para os problemas, cria, inova; façamos então como as crianças!


Texto escrito por: Elizete, Eloisa, Ísis Helena, Maria Eduarda e Nicholy.

domingo, 25 de outubro de 2020

Grupo 5: 04/11/2020

Limbo (ou de que quem sofre bullying)

Limbo é um curta-metragem publicado em 18 de agosto de 2018, produzido por alunos do Infantil 1 da Oficina de Apreciação e Criação de Cinema, ministrada por Sihan Félix. Este curta sem falas e em preto e branco nos transmite um sentimento muito forte de tristeza e solidão. Na atualidade as escolas e famílias enfrentam um grave problema que afeta diretamente crianças e adolescentes, bullying, termo assustador que define um comportamento agressivo, violento e abusivo, o qual pode desencadear sérios problemas físicos, psicológicos e emocionais, tanto para os agressores mas principalmente para as vítimas que o sofrem.

Esse assunto tem a capacidade de influenciar negativamente na vida e principalmente na educação escolar dos alunos, bem como desestabilizar a relação entre família e educação. São muitos os casos em que quem sofre bullying se nega a voltar à escola e encontrar os colegas e/ou agressores, com isso, acabam se isolando e se distanciando dos demais.

O curta mostra o sentimento da vítima que sofre geralmente com este ato, levando-a a um descontrole emocional, pois, mesmo em seu descanso, ela tem a presença fortemente dos agressores. Limbo inicia com uma adolescente dormindo em uma sala da escola, seguida por uma trilha sonora de filme de terror, onde aparecem pessoas ao seu redor, como se fossem fantasmas em cima dela. Ao ouvir batidas na porta ela se levanta e se dirige ao banheiro para lavar o rosto, após sair do banheiro responde a uma mensagem no seu celular e diz que estava dormindo na escola, então se posiciona para tirar uma selfie e enviar para o contato, porém, leva um grande susto, pois
 os fantasmas aparecem na imagem da  câmera, desesperada a menina grita e chora sozinha no corredor. A menina decide voltar para sala onde estava dormindo e ao abrir a porta algo inesperado acontece.

Podemos interpretar os fantasmas como os julgamentos alheios que a acompanham, o curta causa uma certa incerteza sobre a mensagem que quer passar nos deixando em dúvida do que realmente está perseguindo a menina; a trilha sonora dá um ar aterrorizante e a imagem escura é um tanto sombria. Demonstra um trabalho coletivo dos adolescentes, intrigante e com muitas mensagens subliminares, que precisa até mesmo muita atenção do telespectador para poder ter compreensão e entendimento das cenas que acontecem.

A discussão que aborda Limbo se faz muito pertinente e importante principalmente na escola que na maioria das vezes é onde ocorre o bullying. As consequências são muitas desde o desinteresse e isolamento já citados, como o pânico, ansiedade, medo, até mesmo uso de drogas, baixa autoestima, falta de confiança, etc. Consequências estas que podem ser levadas para a vida adulta se não tratadas. Tal a importância da abordagem como no curta, surgindo a oportunidade de reflexão dos estudantes e prevenção destes tipos de ações nas escolas.

Os melhores amigos de um robô

Os melhores amigos de um robô é um curta-metragem brasileiro, produzido no ano de 2018, por alunos do 1° ano matutino, por intermédio dos professores Karina Sena e Sandro Cordeiro. Ele nos apresenta a história de uma grande e importante amizade entre três crianças e um robô.

Este curta traz, a nós, a importância da inserção da educação midiática na educação infantil, que tem por objetivo ampliar a participação e a informação das crianças na cultura das mídias presentes em seu contexto, afinal, percebemos que o curta acontece no espaço escolar, quase todo ao ar livre, possibilitando também o contato das crianças com a natureza, e são nestes momentos que a criatividade surge.

O roteiro é baseado nos desenhos produzidos pelas crianças, e são elas as próprias cinegrafistas, figurinistas, narradoras, protagonistas, cenógrafas e diretoras.

Este é um curta narrado, que nos traz a história de três amigos: Marta, Antônio e Joaquim, que estão de férias e vão pra um acampamento e lá vivem muitas aventuras. Eles trazem para o público uma amizade verdadeira e especial, principalmente quando à noite no acampamento acordam com barulhos estranhos e ao saírem das barracas veem o robô Bob que Marta construiu de sucatas com a ajuda dos pais todo quebrado. Antônio e Joaquim percebem a tristeza da amiga e, durante o acampamento, decidem ir em busca de novas sucatas para concertarem Bob e deixarem a amiga feliz novamente. Os meninos se arriscam nos perigos da mata e é neste momento que se perdem, mas alguém muito especial ajuda os meninos a voltarem e entregarem o robô reconstruído pra amiga que agradece os meninos pela amizade deles.

Os melhores amigos de um robô é um curta interessante pra pensarmos que crianças podem sim ser grandes atores e atrizes, e que o cinema é sim importante ser trabalhado, principalmente quando se busca apresentá-lo com o que se tem disponível e de fácil acesso, mostrar que com o que se tem dá de fazer excelentes e importantes criações, é isso que vemos neste curta que foi produzido na escola pelas crianças, que com os materiais disponíveis fizeram uma grande criação, uma história muito bonita que retrata a importância de uma amizade, pois ao se depararem com a tristeza da amiga, os amigos sensibilizados fazem de tudo e se arriscam para vê-la feliz novamente.

Este curta serve de inspiração para trabalhar o cinema com as crianças, afinal é todo produzido por crianças comuns, é uma produção simples, mas com uma complexidade de elementos que a torna riquíssima, desde os desenhos até as filmagens.

Escrito por: 
Ana Carolina Koerich, Constância, Larissa Machado, Thayene Esquivel

segunda-feira, 19 de outubro de 2020

Grupo 4: 21/10/2020

Coraline e o Mundo Secreto (Coraline, 2009, de Henry Selick)

























Título original: Coraline
Direção: Henry Selick
Autor: Neil Gaiman
Canção original: Other Father Song
Data de lançamento: 6 de fevereiro de 2009 (Mundial) e 13 de fevereiro de 2009 (Brasil)
Duração: 100 minutos
Nacionalidade: EUA
Classificação: L - Livre para todos os públicos
Gênero: Animação, fantasia, família

Henry Selick, diretor de sucessos como “O Estranho Mundo de Jack” (1993) e “James e o Pêssego Gigante” (1996) retornou em 2009 para o mundo mágico de criaturas fantásticas que ganham vida através da técnica do stop motion em “Coraline e o Mundo Secreto”. No roteiro, que é adaptado da obra de Neil Gaiman, que fez parte da produção e deu palpites na narrativa, somos apresentados à Coraline Jones e seus pais, que se mudam para uma velha casa um tanto peculiar que tem 150 anos de idade e é rodeada de vizinhos excêntricos. Os pais são escritores, e Coraline não recebe muita atenção deles, por isso se sente deixada de lado; os vizinhos são um malabarista de circo, duas velhas atrizes confusas e um menino que vive com a vó chamado Wybie, com quem Coraline vive implicando. A garota tenta chamar atenção dos pais o tempo todo, até que o pai dá uma missão para ela, explorar a casa. A partir dessa exploração a garota abandona tais frustrações com a vida no momento em que se depara com uma porta pequena trancada e a chave que a abre. Pensando no cinema (ou na literatura) de uma forma mais geral, a premissa de Coraline é semelhante à de obras como: Alice no País das Maravilhas (1951), Labirinto – A Magia do Tempo (1986) ou O Mágico de Oz (1939). Assim como em Coraline, todos esses filmes nos apresentam crianças/jovens que seguem uma jornada básica: a protagonista é uma garota curiosa, corajosa e criativa; estão um tanto entediadas com suas vidas monótonas, que aos olhos delas é sem graça e nada divertida; e elas conhecem um mundo mágico que ao mesmo tempo em que é estranho e tenebroso também é deslumbrante.

 Ao atravessar a porta Coraline descobre uma outra dimensão, ela é levada para um mundo paralelo que imita o mundo dela, mas muito melhor, porém os personagens (menos a Coraline) têm os seus olhos substituídos por botões de roupa. Se esse mundo estava na imaginação dela ou não (fato reforçado por essas passagens para o outro mundo acontecerem algumas vezes quando ela estava dormindo) não fica bem claro, há discussões de quem acredita que tudo não passava de sonhos, pelo fato de a vida dela não ser o que queria, então criou de forma onírica um mundo todo pra ela no qual tudo era perfeito, a comida era boa, tinha bastante brincadeiras com seus pais e tudo era incrível, mas em dado momento, percebeu que ela estava querendo trocar o mundo real pelo mundo criado. A dilapidação de sua velha casa no mundo real entra em contraste com as cores fortes e vibrantes desse outro mundo e seus ambientes bem organizados, criados para agradar Coraline. Lá ela também encontra uma outra mãe e um outro pai, iguais aos seus pais verdadeiros. Esses outros pais buscam mostrar para Coraline que são tudo o que os pais dela não são, seja na atenção que dão para ela ou pelo fato de a mãe cozinhar comidas gostosas. Lá ela volta a ter coisas das quais sente falta: lazer garantido e sensação de pertencimento, por ser acolhida. No mundo real Coraline não sente que pertence ao mundo de seus pais. Porém, a garota percebe que ter seus desejos atendidos nessa outra dimensão tem um custo alto. Ela descobre que a outra mãe é na verdade a Bela Dama, uma criatura que está interessada em tomar sua alma, e que todo aquele mundo é apenas uma ilusão que logo desaparece. Há fantasmas de criança aprisionadas na casa, que ela só os encontra quando não obedece a ordem da outra mãe, que deseja costurar os botões no lugar de seus olhos, que é quando ela se dá conta de que se trocar seus olhos pelos botões, ela perderia a sua liberdade e ficaria sob o comando da segunda mãe. Nesse momento ela percebeu que não podemos fugir da realidade para esse nosso porto seguro, nele a gente abre mão de coisas únicas como a liberdade. Quando há recusa, ela é colocada num quarto junto com as crianças fantasmas, que relatam seus dramas, e pedem sua ajuda para conseguirem se libertar. O gato de Wybie também ajuda na empreitada, já que ele consegue transitar entre os dois mundos. Depois de tudo isso, Coraline foge e com muita dificuldade chega no mundo real, porém a sua jornada para valorizar seus verdadeiros pais não acaba por aí. Eles são raptados e Coraline precisa enfrentar novamente o outro mundo para poder resgatá-los. Apenas depois de derrotar a Bela Dama e libertar as crianças fantasmas é que Coraline dá seu salto emocional e amadurece o suficiente para aceitar seus pais como são, apesar de serem um tanto negligentes. Ela também se sente mais preparada para encarar os medos da vida cotidiana e procura aproximar sua família e seus vizinhos de si, buscando fazer as pazes com o seu mundo real e com quem faz parte dele.

A narrativa é conduzida tendo como ponto principal a relação entre Coraline e seus pais, em especial com a sua mãe e a dor do crescimento, e o quão difícil e complicado é tornar-se adolescente. O embate de Coraline tanto com a mãe quanto com a outra mãe é algo comum na vida da maioria das pessoas. É normal ouvir histórias de crianças que se isolam do mundo real e criam seu próprio mundo imaginativo de maravilhas, e muitas delas sonham com essa pequena porta que pode nos levar para essa outra dimensão. Muitas vezes o mundo de fantasia é o refúgio das crianças. O filme nos aponta a importância de dar atenção para essas crianças nesse período de solidão e insatisfação do mundo real. Dar abertura para saber o que elas sentem e respeitar seus interesses é importante, pois crescer em silêncio é doloroso, principalmente no período de expansão da autoconsciência, pois é quando normalmente tendem a serem rebeldes, raivosos e revoltados. É preciso um olhar acolhedor antes de achar que tudo é drama; escutar é muito significativo.

“Coraline e o Mundo Secreto” nos oferta um olhar um tanto tenebroso da história de uma criança, mas nem por isso a narrativa deixa de ser tocante. Ao vincular esse mundo imagético com o horror, é criado uma transmissão desafiadora pela qual crianças e até mesmo adultos podem percorrer e analisar seus medos mais profundos e seus desejos de pertencimento. O arco emocional de Coraline nos revela que encarar nossos medos e angústias faz parte do dia a dia e é importante enfrentá-los. É como o próprio Gaiman escreveu na introdução de comemoração ao décimo aniversário do livro “Ser corajoso não quer dizer que você não está com medo. Quer dizer que você está com medo, mas fez a coisa certa de qualquer jeito”. A vida de Coraline pode não ser perfeita, mas é isso que a torna real.

Esse filme é indicado sim para crianças, podendo trabalhar o assunto da imaginação, da fuga da realidade, de como lidar com conflitos sendo eles familiares ou pessoais. Além disso trabalhar o entendimento do seu lugar no mundo, saber que cada pessoa tem o seu tempo e jeito de ser. Elas não precisam ser ou agir como você espera, mas nem por isso deixam de ser interessantes, basta você mudar o seu jeito de olhar para elas, suas expectativas.


Escolhas da Vida (Alike, 2015, de Henry Selick)
























Título original: Alike
Produtor: Daniel Martínez Lara e Rafa Cano Méndez
Roteiro: Daniel Martínez Lara
Ano de produção: 2015
Data de estréia: 6 de novembro de 2015 (mundial)
Duração: 8 minutos
Nacionalidade: Espanha
Classificação: L - Livre para todos os públicos

Gênero: Animação, drama, família


O curta-metragem espanhol “Escolhas da Vida” (2015), de Rafa Cano Méndez e Daniel Martínez Lara nos traz a questão do como guiar os filhos para um caminho certo. E é quando nos ocorre a pergunta: qual é o caminho certo?

Em seus curtas anteriores Daniel Martínez Lara já trabalhou com a questão de mudanças na vida e na rotina, em “Escolhas da vida” ele agrega tudo isso à experiência de criar um filho e nos mostra como funciona essa relação paternal. Situados em uma cidade grande acompanhamos o vínculo de um pai e um filho e sua trajetória agridoce.

Uma animação sem falas, mas que com as ações dos personagens conseguimos identificar suas emoções. Uma sociedade que não tem cor, mas as crianças nascem coloridas e com passar dos anos vão perdendo e se tornando cinzas como os adultos. Uma sociedade que padroniza todos. Para se comportarem de uma certa maneira para serem aceitas no grupo – criança fora desse parâmetro não é aceita. E aí começam todos os problemas. A criatividade vai sendo censurada, a criança vai perdendo seu brilho e alegria. Um pai já afetado pelo sistema vai aos poucos arrastando seu filho para esse mesmo caminho, transformando a escola em uma obrigação árdua e o limitando das artes (música, desenho). O curta-metragem mostra a triste realidade de uma vida monótona e cheia de responsabilidades em que a cor do personagem demonstra seu sentimento. Mostra o dia a dia de um responsável e uma criança que vive feliz e cheia de imaginação até o momento que se depara com a escola. O responsável coloca na mochila da criança os livros que podem ser interpretados como a responsabilidade que a escola traz. O pai segue para o seu serviço e constantemente demonstra sua frustração com o mesmo.

Podemos ver que o modelo educacional segue a mesma linha que as fábricas, que o aluno é uma conta bancária e devemos depositar  o conhecimento nele. A vida segue e os dois ficam cada vez mais frustrados com tudo.  A empolgação do filho com as coisas boas da vida é o que dá forças e faz o pai se sentir melhor, embora inicialmente ele não se dê conta disso. À medida em que a jornada de trabalho diária vai chegando ao fim o pai vai perdendo seu brilho e sua cor, devido ao cansaço e as frustrações relacionadas a seu emprego; e é o reencontro com o filho após o expediente que revigora suas forças. Mas de tanto ser repreendido por não fazer as coisas do “jeito certo” (desenhar ao invés de copiar o alfabeto corretamente, ou apreciar um violinista tocando em meio ao caos da cidade) o garoto vai desanimando com o mundo em geral e vai perdendo seu entusiasmo natural.  Na escola a criança é podada e impedida de ser livre, tendo que seguir um padrão de ensino. Quando o pai se dá conta disso, percebe o quão errado foi por não manter um equilíbrio na vida da criança e busca melhorar suas atitudes. É possível observar isso quando ele leva o menino para ver o violinista tocar e ao chegar no lugar de costume não encontram o músico, o pai se posiciona no lugar em que o violinista ficava e começa a tocar um violino imaginário, o que encanta o filho e deixa as pessoas em volta admiradas – o menino fica feliz e sua cor vai retornando, pai e filho voltam a ser mais entusiasmados. O filme nos traz a importância de permitir que as crianças façam as suas próprias jornadas. Afinal quem disse que não se pode aprender desenhando, ou apreciando uma música? A criatividade não pode ser sufocada pela rotina diária.

A animação faz uso de cores frias e desbotadas para retratar as mudanças de sentimentos dos personagens, tal como a alienação e estresse que a cidade causa, que bate de frente com as cores saturadas usadas nos desenhos do menino, ou no local no qual o violinista está posicionado. O curta também faz muito uso de closes e planos médios, usados para exibir melhor as expressões faciais e as posturas corporais, pois é assim que os conflitos são transmitidos, já que o filme não tem falas. Os planos abertos e gerais, por sua vez, nos apresentam a cidade e todas as situações rotineiras e repetições que vão acontecendo na vida dos protagonistas.

Este é um ótimo curta para assistir em sala com as crianças, pois de uma maneira delicada a narrativa expõe o quão é valoroso o diálogo nas relações entre pais e filhos, a identificação da criança com o exemplo exposto e o cuidado que se tem que ter com a escola para que não se torne um lugar que só sabe padronizar e esquece de olhar para as especificidades de cada um. Sem esquecer da relevância da criatividade e do lúdico. Imaginar sempre! A arte nos alegra e nos dá um colorido. Precisamos de arte para viver, não só o trabalho, estudo. Mas a sensibilidade diante da vida é que nos faz únicos. Desenvolver a criatividade nas crianças para que se tornem felizes.


Escrito por: Denise Maria Costa, Flávia Nazaré Fermiano e Thayane Karina Ferreira

quarta-feira, 14 de outubro de 2020

Comentário sobre o curta “Campeonato de pescaria” - Por Tatiana Maria Alexandre


 

Imagina a surpresa de assistir um curta no qual se passa no lugar onde você e toda sua família cresceram, ou mais, assistir um curta que retrata uma história que poderia ter sido vivida por ti e que traz cenas que são mais familiares do que o costume nessas obras, ou ainda mais, reconhecer em todo esse cenário um rosto familiar da sua infância... Foi assim que me senti quando assisti o curta “Campeonato de Pescaria” da Luiza Lins e Marco Martins.

O curta traz a história de um menino, o Dudu, que está se preparando para um campeonato de pesca que vai ter na vila. A família do Dudu têm como tradição a pescaria, o avô do menino era conhecido como um dos melhores pescadores, agora Dudu está com a pressão de perpetuar a tradição familiar e mostra insegurança quanto a isto, mas a avó do menino o tranquiliza e conta um segredo de família, que é revelado no dia do campeonato.

Vi no curta minha infância retratada, filha de um homem que pesca há 49 anos no Pântano do Sul, praia onde se passa o filme, e de uma mulher que além de pescadora nasceu e morou até os seus 24 anos na beira da praia do Pântano. Com tudo isso, minha infância se passou em grande parte na beira desta praia, aprendendo a nadar, pescar e salvar as sardinhas que meu pais deixavam pelo caminho na areia.

Durante o curta fui percebendo elementos que me traziam lembranças: o cesto de palha, a vara de pescar, o pescador remendando rede, o rancho dos pescadores, os botes na água, o mar tranquilo. É indescritível a sensação que tive quando fui percebendo que aquele curta poderia ser facilmente sobre minha infância, ou sobre a infância de alguém que eu conheço; fez com que eu me sentisse inclusa no mundo das produções cinematográficas, essa identificação e sensação de pertencimento é um elemento importante quando penso na educação e inserção social. Quando a criança, ou adulto, se identifica nessas obras a sensação é que não estamos sozinhos, que existem outras pessoas que vivem em uma realidade parecida com a sua e aquela complexidade aparente da sua vida é mais comum do que imagina e isso pode trazer uma leveza para as adversidades.

O ponto mais importante pra mim é quando os barcos vão para as águas e se dá início o campeonato, não apenas por ser o clímax do curta, mas porque no barco do Dudu reparei no homem com camiseta azul, que conduzia o bote, e percebi que aquele senhor fez parte da minha infância, era o seu Lé, amigo de longa data do meu pai e companheiro de pesca. No mesmo instante fiz questão de procurar o meu pai e mostrar seu hoje falecido amigo; não apenas por esse motivo, mas também por saber a importância que ele daria ao ver seu bairro e seus amigos numa produção que sua filha assistia para uma disciplina da sua graduação. E ficamos nós dois ali, comentando sobre o tempo em que íamos pescar na praia do Pântano, diante da imagem pausada do seu Lé.

Tatiana Maria Alexandre, 13 de outubro de 2020.

sábado, 26 de setembro de 2020

Grupo 3: 30/09/2020

 O jarro (Khomreh, 1992, de Ebrahim Forouzesh) 



Direção: Ebrahim Forouzesh 

Elenco: Abbas Khavaninzadeh; Benhzad Khodaveisi; Fatemen Azrah 

Duração: 86 Minutos 

Lançamento: 1992 

Produção: Irã


O filme iraniano, lançado em 1992, dirigido e roteirizado por Ebrahim Forouzesh, tem como cenário uma escola localizada em uma aldeia do deserto iraniano. O enredo gira em torno do jarro da escola, que é utilizado para saciar a sede dos alunos e do professor. Com uma configuração de escola bem carente de recursos financeiros, em uma cidade que parece ter sido esquecida pelo governo, a comunidade precisa se unir para consertar o jarro quando algumas rachaduras são encontradas e começa a vazar água. O jarro funciona como um ator protagonista no filme, pois é a partir dele que a história começa a se desenrolar.  

O que se evidencia no filme é o papel do professor e da escola enquanto instituição diante da escassez de recursos financeiros e também humanos. A pedagogia tradicional fica evidente durante as cenas, onde o professor está no centro do processo de ensino como detentor do saber, utilizando da exposição verbal e memorização de conceitos — repetição de palavras  para ensinar seus alunos, as aulas são marcadas pelo autoritarismo do professor em relação a seus alunos e algumas vezes, utiliza também da violência física. A escola não era vista como importante por alguns dos habitantes da aldeia, pois afastava as crianças do trabalho. 

A extrema pobreza da região do entorno da escola se demonstra pela dificuldade de reunir recursos para consertar o jarro, ou adquirir um novo. Este é de muita importância, tendo em vista a dificuldade de encontrar água potável diante do deserto iraniano: há um riacho, longe da escola, onde os alunos buscam água para se saciar. Quando se torna possível consertar o jarro, com a ajuda do pai de um dos alunos, surge outro problema: os alunos precisam conseguir algumas claras de ovo, cal e cinzas para que seja possível remendá-lo. Muitos conseguem trazer a cal e as cinzas, mas os ovos servem de alimento para as famílias e inicialmente não conseguem reunir a quantidade suficiente para consertar o jarro. O professor tem um papel muito importante na solução do problema, pois é ele quem instiga, organiza e guia os alunos.  

Muitas são as dificuldades financeiras encontradas na escola, e alguns pais têm dúvidas quanto a qualificação do professor e seu desempenho. Entretanto, o professor recebe apoio de muitos outros pela dedicação ao ensino das crianças da aldeia. O conserto do jarro tem um significado pedagógico, acima de tudo. Os alunos são incentivados a aprender a serem mais solidários, unidos e a enfrentar e solucionar os problemas individuais e coletivos em prol do grande grupo. Além de oferecer e compartilhar o conhecimento, o professor doa a si e o seu alimento, também, mesmo sendo marginalizado  como várias cenas revelam, sua moradia e alimentação.  

Mesmo com a simplicidade do filme, ele provoca muita reflexão que não se restringe apenas à esfera pedagógica, apesar de ter como cenário a escola, em grande parte do filme. Há um leque de possibilidades de discussão e reflexão, a partir do filme: o papel do professor na comunidade escolar e do entorno, a ausência do Estado, a precarização da educação, a concepção de infância, as diferenças culturais e sociais e etc. O que se evidencia é o papel determinante e fundamental da escola para as mais diferentes comunidades ao redor do mundo.


Escrito por: Amanda Lima, Dâmaris Viana Eduarda de Souza e Yasmin Roese

domingo, 20 de setembro de 2020

Grupo 2: 22/09/2020

 O menino que Descobriu o Vento (The Boy Who Harnessed the Wind, 2019)


“O Menino que Descobriu o Vento” é um longa-metragem de 2019 que se passa em Malawi, na África Oriental, no ano de 2001. Inspirado na história real de William Kamkwamba, o filme trata sobre uma família que leva a vida com uma única fonte de provisão: o cultivo de alimentos nos campos. Eles se encontram em um momento difícil em virtude das chuvas e da ausência de políticas públicas pelo governo na região, o que vem revelando um contexto político que sofre profunda influência de outros países. Mesmo com todas as dificuldades, William usa da sua curiosidade e criatividade para colocar em execução um projeto que salvaria a vida daquela aldeia.

Apesar das famílias estarem em um contexto bastante precário, o acesso à educação era privado; somente quem tinha em dia o pagamento das mensalidades podia frequentar a escola e seus espaços. A família de William acreditava que a educação poderia mudar sua realidade e, por isso, investia na educação de seus filhos; porém, devido aos fenômenos naturais, a crise e a escassez na produção, os pais não tinham dinheiro para pagar a escola e o menino foi expulso. Ali, os professores e o diretor estavam apenas repassando conhecimento, sem levar em conta as necessidades dos estudantes. As demandas de curiosidade de William são sanadas apenas quando ele tem acesso à biblioteca, que consegue a muito custo, chantageando um dos professores. Somando sua criatividade e o conhecimento que precisava, o menino tem uma ideia brilhante que, se desse certo, poderia suprir as necessidades de sua comunidade. Mesmo sem ter muito apoio e incentivo, tanto do pai como dos amigos, William não desiste de testar sua hipótese e alcançar seu objetivo.

O filme nos provoca a refletir sobre as pequenas e simples coisas da vida e ver o quanto a persistência é inspiradora e importante. É um filme que ensina sobre amor, superação, esperança e força de vontade, nos fazendo perceber como as desigualdades são gritantes. É triste pensar que existem muitos William’s por aí, com tanto potencial e mínimas oportunidades. Este filme é um importante recurso para ser utilizado nas aulas, pois além de apresentar elementos de uma cultura diferente, pode-se trabalhar a interdisciplinaridade, pois aborda temas e situações históricas, geográficas e também científicas/biológicas.

Ficha técnica:

Título Original: The Boy Who Harnessed the Wind
Duração: 113 minutos
Ano produção: 2018
Estreia: 1 de março de 2019
Distribuidora: Netflix
Dirigido por: Chiwetel Ejiofor
Classificação: 12 anos
Gênero: Biografia
Países de Origem: EUA, Malawi, França
Elenco principal: Maxwell Simba como William Kamkwamba; Chiwetel Ejiofor como Trywell Kamkwamba; Aïssa Maïga como Agnes Kamkwamba; Lily Banda como Annie Kamkwamba; Joseph Marcell como chefe Wimbe; Noma Dumezweni como Edith Sikelo

Escrito por: Elizabeth de Souza Neckel, Emanuela de Freitas, Juliana da Silva Koerich, Michele Klann e Ohana Heinen Freire Bianchini

domingo, 13 de setembro de 2020

Grupo 1: 16/09/2020



A Língua das Mariposas (La lengua de las mariposas, 1999)


















Ficha técnica do filme:

Título original: La Lengua de Las Mariposas.

Ano: 1999.

Local de produção: Espanha.

Duração: 96 minutos.

Direção: José Luis Cuerda.

Principais atores: Alexis de los Santos, Fernando Fernán Gómez, Gonzalo Martín Uriarte, Manuel Lozano, Uxía Blanco, Alberto Castro, Antonio Lagares, Celso Bugallo, Celso Parada, Eduardo Gómez, Elena Fernández, Guillermo Toledo, Jesús Castejón, Lara López, Milagros Jiménez, Roberto Vidal Bolaño, Tamar Novas, Tatán, Xosé Manuel Olveira ‘Pico’. 

Informações disponíveis em: <https://filmow.com/a-lingua-das-mariposas-t8526/ficha-tecnica/>.

“A Língua das Mariposas” é um longa-metragem que se passa na Espanha momentos antes de eclodir a Guerra Civil. Conta a história de Moncho, um menino de sete anos que vive seu primeiro contato com a escola. O medo que Moncho sente do desconhecido, acompanhado das impressões do ambiente escolar que chegaram até ele através das experiências que seus familiares o contaram, caíram por terra no momento em que o menino conheceu Don Gregório, o professor.

É possível reparar que Don Gregório enxerga as crianças como seres sociais, de direito e produtoras de cultura: ele possui olhar e escuta atentos aos seus estudantes, de forma alguma é autoritário, e oportuniza experiências de aprendizagem contemplando a integralidade das crianças, especialmente as questões emocionais, pela maneira acolhedora que se coloca. A aula fora da classe, no meio da natureza, é um elemento que enche a nossa percepção com essa sensibilidade, a mediação dos diversos conflitos que surgem ao longo da história também.



Dessa forma, pensando na formação de Professores, o longa traz algumas questões a serem discutidas, tais como vínculo entre aluno e professor e a importância do meio no processo de ensino aprendizagem. O meio seria todo o contexto que esse processo acontece, desde o lugar físico, como a floresta, até o contexto de guerra que a sociedade se encontrava, tudo isso atravessa o processo de ensino e aprendizagem da criança. O vínculo estabelecido entre o Professor e Moncho é importante para este processo, com um olhar atento à individualidade de seus alunos, Don Gregório estimula a curiosidade e o raciocínio crítico, educando para ser uma pessoa autônoma, educando para a liberdade.

Pensando na mediação do filme para as crianças, o enredo nos traz algumas possibilidades a serem exploradas. Sendo muito interessante conhecer esta obra e mediar com crianças, estar em espaços formativos de professores e outros espaços não-acadêmicos.



Escrito por: Márcia Eduarda Garcez Izaac, Maryana Luiz Damim, Sandra Guesser, Tainá Torres Mesquita e Tatiana Maria Alexandre.