sábado, 26 de setembro de 2020

Grupo 3: 30/09/2020

 O jarro (Khomreh, 1992, de Ebrahim Forouzesh) 



Direção: Ebrahim Forouzesh 

Elenco: Abbas Khavaninzadeh; Benhzad Khodaveisi; Fatemen Azrah 

Duração: 86 Minutos 

Lançamento: 1992 

Produção: Irã


O filme iraniano, lançado em 1992, dirigido e roteirizado por Ebrahim Forouzesh, tem como cenário uma escola localizada em uma aldeia do deserto iraniano. O enredo gira em torno do jarro da escola, que é utilizado para saciar a sede dos alunos e do professor. Com uma configuração de escola bem carente de recursos financeiros, em uma cidade que parece ter sido esquecida pelo governo, a comunidade precisa se unir para consertar o jarro quando algumas rachaduras são encontradas e começa a vazar água. O jarro funciona como um ator protagonista no filme, pois é a partir dele que a história começa a se desenrolar.  

O que se evidencia no filme é o papel do professor e da escola enquanto instituição diante da escassez de recursos financeiros e também humanos. A pedagogia tradicional fica evidente durante as cenas, onde o professor está no centro do processo de ensino como detentor do saber, utilizando da exposição verbal e memorização de conceitos — repetição de palavras  para ensinar seus alunos, as aulas são marcadas pelo autoritarismo do professor em relação a seus alunos e algumas vezes, utiliza também da violência física. A escola não era vista como importante por alguns dos habitantes da aldeia, pois afastava as crianças do trabalho. 

A extrema pobreza da região do entorno da escola se demonstra pela dificuldade de reunir recursos para consertar o jarro, ou adquirir um novo. Este é de muita importância, tendo em vista a dificuldade de encontrar água potável diante do deserto iraniano: há um riacho, longe da escola, onde os alunos buscam água para se saciar. Quando se torna possível consertar o jarro, com a ajuda do pai de um dos alunos, surge outro problema: os alunos precisam conseguir algumas claras de ovo, cal e cinzas para que seja possível remendá-lo. Muitos conseguem trazer a cal e as cinzas, mas os ovos servem de alimento para as famílias e inicialmente não conseguem reunir a quantidade suficiente para consertar o jarro. O professor tem um papel muito importante na solução do problema, pois é ele quem instiga, organiza e guia os alunos.  

Muitas são as dificuldades financeiras encontradas na escola, e alguns pais têm dúvidas quanto a qualificação do professor e seu desempenho. Entretanto, o professor recebe apoio de muitos outros pela dedicação ao ensino das crianças da aldeia. O conserto do jarro tem um significado pedagógico, acima de tudo. Os alunos são incentivados a aprender a serem mais solidários, unidos e a enfrentar e solucionar os problemas individuais e coletivos em prol do grande grupo. Além de oferecer e compartilhar o conhecimento, o professor doa a si e o seu alimento, também, mesmo sendo marginalizado  como várias cenas revelam, sua moradia e alimentação.  

Mesmo com a simplicidade do filme, ele provoca muita reflexão que não se restringe apenas à esfera pedagógica, apesar de ter como cenário a escola, em grande parte do filme. Há um leque de possibilidades de discussão e reflexão, a partir do filme: o papel do professor na comunidade escolar e do entorno, a ausência do Estado, a precarização da educação, a concepção de infância, as diferenças culturais e sociais e etc. O que se evidencia é o papel determinante e fundamental da escola para as mais diferentes comunidades ao redor do mundo.


Escrito por: Amanda Lima, Dâmaris Viana Eduarda de Souza e Yasmin Roese

domingo, 20 de setembro de 2020

Grupo 2: 22/09/2020

 O menino que Descobriu o Vento (The Boy Who Harnessed the Wind, 2019)


“O Menino que Descobriu o Vento” é um longa-metragem de 2019 que se passa em Malawi, na África Oriental, no ano de 2001. Inspirado na história real de William Kamkwamba, o filme trata sobre uma família que leva a vida com uma única fonte de provisão: o cultivo de alimentos nos campos. Eles se encontram em um momento difícil em virtude das chuvas e da ausência de políticas públicas pelo governo na região, o que vem revelando um contexto político que sofre profunda influência de outros países. Mesmo com todas as dificuldades, William usa da sua curiosidade e criatividade para colocar em execução um projeto que salvaria a vida daquela aldeia.

Apesar das famílias estarem em um contexto bastante precário, o acesso à educação era privado; somente quem tinha em dia o pagamento das mensalidades podia frequentar a escola e seus espaços. A família de William acreditava que a educação poderia mudar sua realidade e, por isso, investia na educação de seus filhos; porém, devido aos fenômenos naturais, a crise e a escassez na produção, os pais não tinham dinheiro para pagar a escola e o menino foi expulso. Ali, os professores e o diretor estavam apenas repassando conhecimento, sem levar em conta as necessidades dos estudantes. As demandas de curiosidade de William são sanadas apenas quando ele tem acesso à biblioteca, que consegue a muito custo, chantageando um dos professores. Somando sua criatividade e o conhecimento que precisava, o menino tem uma ideia brilhante que, se desse certo, poderia suprir as necessidades de sua comunidade. Mesmo sem ter muito apoio e incentivo, tanto do pai como dos amigos, William não desiste de testar sua hipótese e alcançar seu objetivo.

O filme nos provoca a refletir sobre as pequenas e simples coisas da vida e ver o quanto a persistência é inspiradora e importante. É um filme que ensina sobre amor, superação, esperança e força de vontade, nos fazendo perceber como as desigualdades são gritantes. É triste pensar que existem muitos William’s por aí, com tanto potencial e mínimas oportunidades. Este filme é um importante recurso para ser utilizado nas aulas, pois além de apresentar elementos de uma cultura diferente, pode-se trabalhar a interdisciplinaridade, pois aborda temas e situações históricas, geográficas e também científicas/biológicas.

Ficha técnica:

Título Original: The Boy Who Harnessed the Wind
Duração: 113 minutos
Ano produção: 2018
Estreia: 1 de março de 2019
Distribuidora: Netflix
Dirigido por: Chiwetel Ejiofor
Classificação: 12 anos
Gênero: Biografia
Países de Origem: EUA, Malawi, França
Elenco principal: Maxwell Simba como William Kamkwamba; Chiwetel Ejiofor como Trywell Kamkwamba; Aïssa Maïga como Agnes Kamkwamba; Lily Banda como Annie Kamkwamba; Joseph Marcell como chefe Wimbe; Noma Dumezweni como Edith Sikelo

Escrito por: Elizabeth de Souza Neckel, Emanuela de Freitas, Juliana da Silva Koerich, Michele Klann e Ohana Heinen Freire Bianchini

domingo, 13 de setembro de 2020

Grupo 1: 16/09/2020



A Língua das Mariposas (La lengua de las mariposas, 1999)


















Ficha técnica do filme:

Título original: La Lengua de Las Mariposas.

Ano: 1999.

Local de produção: Espanha.

Duração: 96 minutos.

Direção: José Luis Cuerda.

Principais atores: Alexis de los Santos, Fernando Fernán Gómez, Gonzalo Martín Uriarte, Manuel Lozano, Uxía Blanco, Alberto Castro, Antonio Lagares, Celso Bugallo, Celso Parada, Eduardo Gómez, Elena Fernández, Guillermo Toledo, Jesús Castejón, Lara López, Milagros Jiménez, Roberto Vidal Bolaño, Tamar Novas, Tatán, Xosé Manuel Olveira ‘Pico’. 

Informações disponíveis em: <https://filmow.com/a-lingua-das-mariposas-t8526/ficha-tecnica/>.

“A Língua das Mariposas” é um longa-metragem que se passa na Espanha momentos antes de eclodir a Guerra Civil. Conta a história de Moncho, um menino de sete anos que vive seu primeiro contato com a escola. O medo que Moncho sente do desconhecido, acompanhado das impressões do ambiente escolar que chegaram até ele através das experiências que seus familiares o contaram, caíram por terra no momento em que o menino conheceu Don Gregório, o professor.

É possível reparar que Don Gregório enxerga as crianças como seres sociais, de direito e produtoras de cultura: ele possui olhar e escuta atentos aos seus estudantes, de forma alguma é autoritário, e oportuniza experiências de aprendizagem contemplando a integralidade das crianças, especialmente as questões emocionais, pela maneira acolhedora que se coloca. A aula fora da classe, no meio da natureza, é um elemento que enche a nossa percepção com essa sensibilidade, a mediação dos diversos conflitos que surgem ao longo da história também.



Dessa forma, pensando na formação de Professores, o longa traz algumas questões a serem discutidas, tais como vínculo entre aluno e professor e a importância do meio no processo de ensino aprendizagem. O meio seria todo o contexto que esse processo acontece, desde o lugar físico, como a floresta, até o contexto de guerra que a sociedade se encontrava, tudo isso atravessa o processo de ensino e aprendizagem da criança. O vínculo estabelecido entre o Professor e Moncho é importante para este processo, com um olhar atento à individualidade de seus alunos, Don Gregório estimula a curiosidade e o raciocínio crítico, educando para ser uma pessoa autônoma, educando para a liberdade.

Pensando na mediação do filme para as crianças, o enredo nos traz algumas possibilidades a serem exploradas. Sendo muito interessante conhecer esta obra e mediar com crianças, estar em espaços formativos de professores e outros espaços não-acadêmicos.



Escrito por: Márcia Eduarda Garcez Izaac, Maryana Luiz Damim, Sandra Guesser, Tainá Torres Mesquita e Tatiana Maria Alexandre.