domingo, 8 de novembro de 2020

Grupos 6 e 7: 11/11/2020 (Criança, a Alma do Negócio)

Criança, a Alma do Negócio















O documentário Criança, a Alma do Negócio foi produzido no ano de 2008 pela Maria Farinha Filmes, direção de Estela Renner e roteiro de Estela Renner e Renata Ursaia, realizado no Brasil e possui duração de 49min. Neste documentário a cineasta Estela Renner abordou os assuntos sobre a mídia direcionada para o público infantil, como as crianças absorvem as propagandas diariamente e como as publicidades afetam o consumismo infantil.

O documentário abarca a visão de diferentes grupos sociais e seus diferentes relacionamentos com o consumo. Em uma casa de tapume a criança relata que mexe muito até com o coração, porque quando a pessoa vê alguma coisa ali que gostou, a única coisa que a pessoa quer é ir lá na loja e comprar. Eu acho que é mais fácil a criança ir lá, pedir para a mãe e a mãe não ter, aí sim que o coração da criança, até vontade de chorar a criança tem. Em uma outra cena uma criança, com uma mesma idade, numa casa bem estruturada relata que já está no quarto celular. Tamanho abismo entre as famílias nos revela que essas propagandas não apenas vendem mercadorias, de fundo temos uma narrativa que diz: para ser pertencente a esta sociedade é preciso possuir um determinado conjunto de coisas.

Esta narrativa possui duas faces, de um lado temos uma criança de classe média e classe média alta crescendo acríticas ao que consomem e do outro crianças pobres frustradas ou com pais endividados para conseguirem atingir os desejos das crianças. Como bem apontado no documentário, como cobrar dos pais uma ação diferente sendo que os órgãos reguladores de propaganda no Brasil são encabeçados pelos próprios criadores de propaganda? Está é uma discussão muito complexa a ser feita com as comunidades escolares sobre esta relação com o consumo, que também é uma discussão de modo de vida. Tendo em vista que este consumo desenfreado também gera um impacto no meio ambiente.

No Brasil há legislações em vigor que regulam a publicidade voltada à criança. O Código de Defesa do Consumidor, através da Lei nº 8.078/1990, considera ilegal a prática de direcionar publicidade ao público infantil, de qualquer tipo de produto ou serviço, em qualquer meio de comunicação. Há também o Marco Legal da Primeira Infância que protege a criança contra a violência e pressão consumista e adota medidas que evitam a exposição precoce à comunicação mercadológica. Por fim, a Resolução nº 163 do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) adota o conceito de abusividade para toda e qualquer publicidade dirigida ao público infantil, com o intuito de persuasão ao consumo de produtos ou serviços. Por consequência, a maioria dos canais de TV aberta reduziram ou simplesmente pararam de exibir desenhos animados ou conteúdo infantil em sua programação.

É importante ter em mente que o documentário foi produzido em 2008. Mais de uma década após sua realização, também se faz necessário adaptar as narrativas. Em 2020, as crianças assistem muito menos à TV aberta, passando a usar mais as redes sociais, YouTube, Netflix ou outros serviços de streaming. Recentemente, no início de novembro de 2020, o vídeo “Baby Shark” passou a ser o vídeo mais visto no YouTube, com mais de 7 bilhões de visualizações, o que nos mostra uma mudança nos hábitos dessa geração.

Precisamos ter a consciência que não são apenas as propagandas voltadas ao público infantil que têm influência sobre as crianças, mas também a publicidade para os adultos, que continuam a passar a todo momento na televisão aberta, por assinatura ou internet. O público infantil também assiste a essas propagandas e é afetado por elas. Comerciais de cerveja, por exemplo, perpetuam a cultura machista dentro da nossa sociedade.

Segundo os termos de uso das principais redes sociais utilizadas atualmente, só podem cadastrar-se nelas pessoas com mais de treze anos e, a partir desta idade, deve haver um uso supervisionado por responsáveis até que o usuário complete 18 anos, mas sabemos que, na prática, não é bem assim. Com o acesso cada vez mais precoce às redes sociais, crianças entram em contato, também, com os padrões de beleza inalcançáveis mostrados através de filtros e edições. Não é à toa que o Brasil seja o líder mundial em cirurgias plásticas entre adolescentes, entre 13 e 18 anos, e que, na mesma faixa etária, tenha sofrido um aumento de 141% no número destes procedimentos em apenas 10 anos. Gostaríamos de ressaltar ainda que os procedimentos cirúrgicos não são a única forma de intervenção estética realizada por jovens.

Mesmo crianças que não possuem acesso indiscriminado à internet, frequentam escolas e outros ambientes sociais, nos quais, entram em contato com toda a pressão estética que temos hoje. Na escola, por exemplo, crianças sofrem bullying por terem orelhas “de abano”, narizes considerados grandes ou, ainda, um cabelo que não seja liso. Tudo isso, faz com que cresçam com inúmeras inseguranças e, na primeira oportunidade, busquem uma forma de “consertar o problema” e se submetam a procedimentos extremamente invasivos e arriscados sem que exista uma motivação além da aprovação social. Afinal, se observarmos pessoas de grande visibilidade, quase todas se submeteram e se submetem a estes processos, criando uma padronização de corpos e rostos: todas com um mesmo nariz, boca, cabelo e por aí vai.

O documentário também faz um alerta sobre os hábitos alimentares das crianças, principalmente em relação ao consumo de biscoitos, salgadinhos e outros produtos industrializados. A publicidade e o marketing trabalham a favor do consumo destes produtos, criando estratégias para aumentar as vendas. Tudo é pensado em detalhes: desde a criação da embalagem até os valores atribuídos aos produtos nas campanhas publicitárias. O documentário também mostra que algumas crianças conheciam bem a embalagem e o nome de alguns salgadinhos, mas tinham dificuldade em reconhecer certos legumes e verduras.

Esse é um indicativo de como a publicidade, através do fortalecimento da marca, tem o poder de atingir os consumidores e fazer com que o produto seja parte do seu cotidiano, do seu vocabulário, do seu pensamento. Quanto ao desconhecimento dos nomes de legumes e verduras, é importante também ressaltar que muitas vezes as crianças têm contato apenas com o alimento pronto, e não participam do processo de preparação da comida. É importante que as crianças, dentro de suas capacidades, façam parte desse processo – despertando assim a curiosidade da criança em provar o alimento que ela ajudou a preparar. Cozinhar também é uma forma de reforçar os vínculos familiares, ao se trabalhar em conjunto, em harmonia. A afetividade vivenciada em momentos como o da preparação das refeições tem participação essencial na formação da subjetividade da criança.

Apesar de que algumas características e pontos apresentados no documentário tenham modificado e estão se modificando atualmente, com o avanço da tecnologia, continua sendo central na questão: o consumo de certos produtos ainda é o portal para o ingresso de aceitação do indivíduo nos grupos sociais. Permanece ainda sendo necessário uma maior problematização sobre esse assunto. É compromisso da escola, família, da sociedade em geral, estar pensando em conjunto formas de tornar esse consumo infantil mais consciente, assim como, pensar em uma educação que incentive a utilização de modo crítico das mídias que oferecem conteúdos infantis.


Texto escrito por: Allana Krug de A. Ferreira, André Luiz Umeki Machado, Larissa Peres de Matos, Liziane Souza e Marcos Vinicius de Oliveira Antunes Simões

Grupos 6 e 7: 11/11/2020 (Tarja Branca)

 Tarja Branca - A Revolução que Faltava














Ficha Técnica

Ano de produção: 2014
Gênero: documentário
Línguas disponíveis: português
Roteiro: Marcelo Nigri
Direção: Cacau Rhoden
Argumento: Cacau Rhoden, Estela Renner e Marcos Nisti
Produção executiva: Juliana Borges
Direção de fotografia: Janice d’Avila
Assist. de direção: Thais Cocca, Fádhia Salomão, Helena Guerra
Montagem: André Finotti
Coord. de pós produção: Geisa França
Produção: Cacau Rhoden, Estela Renner e Marcos Nisti
Trilha Sonora: André Caccia Bava, pela Animal Estúdios
Países de filmagem: Brasil
Duração: 80 min
Classificação: Livre


O documentário “Tarja Branca” retrata a importância da brincadeira em todas as idades, em que a brincadeira se torna uma das diversas formas de se expressar, sendo essencial ao homem e ao seu crescimento e desenvolvimento, se construindo como ser. Ela surge a partir de variadas maneiras em diferentes etapas da vida, por isso pode-se afirmar que brincar é viver.

A brincadeira motiva não somente as crianças, como também os adultos. Ela carrega consigo a liberdade, a criatividade e a alegria. É por meio dessa linguagem espontânea que se permite abrir visões de mundo, trazendo espaços que nos inspiram a ser aquilo que queremos ser.

Outro ponto relevante presente no documentário é em relação a brincadeira e a criatividade, em que elas são indissociáveis. Estas são fundamentais para o desenvolvimento da criança e consequentemente do adulto, uma vez que temos crianças que brincam e que se deixam levar pela imaginação, tendo assim um “alto grau” de criatividade, teremos adultos muito criativos e com boas ideias para o melhoramento do nosso país, e porventura, do planeta.

Nesse viés, o lúdico e a brincadeira devem se fazer presentes na vida adulta. Muitas vezes achamos que não podemos ter certas atitudes, as quais denominam-se “ser muito de ‘criança’”. Mas não seria isso o mais legal? Quando somos crianças não nos importamos com as opiniões alheias, simplesmente fazemos. Claro que na vida adulta não podemos levar tudo nessa perspectiva de vida, mas sim deveríamos colocar o lado lúdico das coisas nas nossas vivências diárias, ou seja, no lugar certo, uma vez que se tem essa necessidade, a fim de que possamos ter uma vida mais plena e feliz. A expressão usada pela pedagoga Maria Amélia, participante do documentário, que é muita profunda, já aponta toda a preocupação e traz em contexto o objetivo deste, “Brincar é usar o fio inteiro”, isso é lindo! Deveríamos sempre ‘usar’ o fio inteiro!

De acordo com a última sentença, vale ressaltar que nos últimos tempos temos um aumento expressivo de doenças como a depressão e a ansiedade, além de termos adultos frustrados e com medo. Aqui abre-se um ponto para explicar questões que se tornam pertinentes. Primeiramente, é necessário refletir sobre a importância do ócio, do tempo livre. Nos dias atuais temos crianças que não param, elas possuem atividades “extras”, como o ballet, aulas de inglês, natação, além de outras ocupações, ditas como importantes para os pais. Ou seja, elas não possuem tempo para ficarem estagnadas, isto é, um tempo para “não se fazer nada”. Assim, a brincadeira acaba sendo esquecida e deixada de lado, sendo substituída por afazeres, que muitas vezes, não despertam as crianças como um simples brincar estimularia, por exemplo. Vale destacar que a brincadeira em si carrega muito mais do que se imagina, é com ela que se inicia os primeiros processos de formação, tanto da criança, com seus próprios pensamentos, modos de agir e de ser, quanto daquilo que está ao seu redor, instigando a mesma a interagir com o meio social a qual faz parte.

Nesse contexto, evidencia-se que o título deste documentário traz essa questão. O termo “Tarja Branca” está correlacionado com os remédios considerados tarja preta, os quais são destinados ao tratamento de muitas doenças, entre elas a depressão e a ansiedade, citadas anteriormente. O remédio considerado “tarja branca” seria, então, a brincadeira, a ludicidade, tudo que estas portam consigo. Como já citado, o brincar e o lado lúdico se fazem necessários em todas as etapas da vida. Por isso, passa a ser considerado um “remédio” brando, ou seja, que não interfere nocivamente, de forma agressiva, ao organismo. Pelo contrário, elas são essenciais para conseguirmos ter uma vida alegre e feliz. O nosso lado criança, nunca pode morrer, ele precisa se fazer presente em nossa vida diariamente, a fim de nos proporcionar uma segunda infância. Assim sendo fica a sugestão, “Brincar é viver!” Quando a criança brinca, ela acha a solução para os problemas, cria, inova; façamos então como as crianças!


Texto escrito por: Elizete, Eloisa, Ísis Helena, Maria Eduarda e Nicholy.