domingo, 9 de dezembro de 2012

Mostra Cinema e Direitos Humanos





No último encontro, dia 4/12/2012, nossa aula foi um pouco diferente: fomos assistir aos filmes da 7ª MostraCinema e Direitos Humanos na América do Sul , cuja programação estava em exibição em 26 capitais brasileiras nos dias 3 a 8/12/2012.

A aula começou na espera do transporte que iria nos levar ao local da Mostra, e apesar de um pequeno atraso, foi possível assistir dois curtas: Menino do cinco (Marcelo M. Oliveira e Wallace Nogueira, Brasil,  2012, 20’), Maria da Penha: um caso de litígio internacional (Felipe Diniz, Brasil,  2011, 13’),  e o média-metragem Silencio das inocentes (Ique Gazzola, Brasil, 2010, 52’).

Se a experiência do filme é todo o contexto, a saída da UFSC já fazia parte do programa. A intenção da não era apenas ampliar o repertório fílmico e cultural, mas participar de um evento-acontecimento que tem se construído como referência sul-americana  tematizando  aspectos dos Direitos Humanos.

“Entre valores e poéticas”, a aula/exibição  na mostra de Cinema foi uma ocasião para nos deparar com certos temas de produções nacionais contemporâneas que dizem respeito à condição humana, e particularmente a alguns aspectos do universo  feminino. Estranhamentos diante de questões tão delicadas traduziam-se nos olhares, comentários e gestos indignados. Complexidades de tantas  histórias de vida  que merecem ser refletidas e discutidas nos espaços formativos pois são questões que  interpelam a todos nós. Mais ainda se pensarmos que não é possível falar em educação de crianças sem considerar suas relações com os adultos...

A nossa volta foi plena de conversas a continuar no próximo encontro, e a certeza de que experiencias como essa fazem parte de um tipo de formação humana e cultural que deve estar presente nos cursos de formação de professores para a infância.

domingo, 25 de novembro de 2012

Olhares da mídia-educação ao cinema: entre a Pequena Miss Sunshine, Kiriku e a experiência da produção de animação



Para discutir a relação  cinema, criança e educação no contexto da mídia-educação, começamos a problematizar os usos do filme na escola para além do seu caráter de substituição. A importância de entender o cinema como arte, indústria, entretenimento e linguagem nos leva a discutir seu estatuto epistemológico e sua importância na formação: acesso à cultura, imaginários, valores, experiências de encontro, repertórios comuns e tantos outros aspectos que podem ser ressignificados a partir das histórias que os filmes trazem. Retratos de uma pesquisa intercultural sobre a relação criança e cinema e um percurso didático na escola mostram que é possível trabalhar com diversas dimensões do filme na escola e tal experiência é compartilhada no livro Crianças, cinema e educação: além do arco-íris.  

Na perspectiva da mídia-educação, os filmes podem ser apreciados, interpretados, analisados e também produzidos, por que não? Mesmo sem ser pretexto para outras atividades, se tivermos a possibilidade de assistir e discutir certos filmes de forma contextualizada, certamente será uma experiência mais rica se reconhecermos os códigos de sua linguagem audiovisual e sua estrutura narrativa. E se pensarmos nos filmes como possibilidade de formação, critérios de escolha e adequação precisam ser discutidos pedagogicamente para pensar nas mediações necessárias.

Com tais pressupostos fizemos um exercício de análise de filmes para crianças a partir de um roteiro prévio e de alguns textos para ampliar o olhar.


Assistir ao filme A Pequena Miss Sunshine (J. Dayton e V. Faris, EUA, 2006) foi uma ocasião de discutir certos valores de uma “família desajustada” focalizando a imagem da criança (sonhos, dilemas, atitudes e corporeidades), o silêncio como gesto e espaço interno de elaboração e confronto), a travessia como transformação e descoberta, a crítica com leveza e bom humor. Tantas outras impressões e reflexões compartilhadas que constroem visibilidades a partir do olhar do outro que amplia o meu.

Como experiência de produção, a proposta de uma mini-oficina de animação, com participação especial de Alessandra Collaço, possibilitou o exercício de expressão em outras linguagens.  A  partir da técnica do stop motion  pequenas equipes  brincaram de  animadores e produziram suas primeiras animações.

E por falar em animação, assistir  Kiriku e a feiticeira (M. Ocelot, Franças, 1998) trouxe um outro exercício do olhar para a outras estéticas e para a diversidade. O pequeno protagonista e herói é uma criança com necessidade de entender melhor o mundo em que vive  de ajudar a aldeia onde mora. Para isso, ele pergunta. Suas perguntas percorrem a trama fílmica e narrativa em cenários de uma representação da África de forma muito original e respeitosa. Tradições, cantos e danças nos rituais coletivos  destacam o papel da criança e do ancião. O simbolismo que expressa as luzes e cores na história não passam despercebidos. Enfim, um filme de animação que encanta pela simplicidade e que certamente é possível  articular com tantas outras histórias de cada um.    



quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Um bom começo de conversa


A idéia era iniciar nosso ciclo de exibição de filmes com Cine Paradiso (Giuseppe Tornatore, Itália,1988) para apreciar um belo filme e discutir um pouco sobre a história do cinema e seus possíveis significados na vida das pessoas. No entanto, esse filme ficou para “tarefa de casa” e  O Garoto Selvagem (F. Truffaut, França, 1969) foi o primeiro filme que assistimos no contexto da proposta de sala de aula. Após contextualizar a obra, o diretor e a própria história, assistimos ao filme e fizemos alguns comentários sobre o que mais chamou a atenção: desde aspectos da temática do filme (roteiro adaptado de uma história real, visão de educação, criança, modos de ensinar)  até alguns aspectos como a música do filme e os cortes das cenas. Como síntese, algumas questões sobre a relação natureza-cultura e o papel da linguagem nesse processo.


No encontro seguinte fizemos um pequeno passeio no tempo, mais precisamente na história do cinema, a partir de uma mini-oficina desenvolvida com a participação de Alessandra Collaço. Ao abordar aspectos históricos do cinema, seus principais gêneros e outras curiosidades aliadas à exibição de diversos fragmentos de filmes,  a discussão instigou o nosso pensar sobre como hoje o cinema se configura para nós. Como avaliação, possibilitou “um olhar diferente, crítico, para pensar também na educação”, “ampliou a visão para assistir ao filmes, agora se interessa mais por algumas coisas que antes nem sabia”, “tem filmes e cenas  que provocam, quase não consegui ver mas achei bem interessante”, “fiquei com vontade se saber mais”.



Se a formação cultural faz parte dos objetivos de nossa proposta, por que não ir ao cinema apreciar um belo filme que fala sobre diversas questões da condição humana? Foi o que o grupo fez ao assistir Intocáveis (Olivier Nakache, Erick Toledano, França, 2012) em exibição nos cinemas da cidade. Afinal, o que muda assistir a um filme no contexto próprio da sala de cinema e assistir em casa baixado da internet? O sorriso no rosto, a leveza dos comentários e o brilho no olhar revelado na saída do cinema dizem muito sobre essa experiência estética que esse filme propicia e sobre essa prática cultural, social e coletiva que faz parte de nossa formação.  Na semana seguinte, aspectos da relação da amizade tratada no filme ainda ressoavam nas falas sobre os valores, compaixão, contrastes, estilos de vida, deficiência, dificuldades e outras formas de liberdade.


Para além da fruição, é possível analisar e interpretar o filme com outros olhares. E para apurar o olhar e elaborar uma análise mais detalhada sobre outros aspectos da fruição, há diversas possibilidades que os estudiosos apresentam. Como síntese, elaboramos  alguns elementos que podem ajudar nossa análise, desde dados técnicos sobre o filme, a história, a estrutura narrativa, os personagens, os possíveis significados do filme para nós, seu endereçamento,  até aspectos da linguagem audiovisual e cinematográfica. Com esses dados iniciais para prestar atenção, assistimos ao filme Vermelho como o céu (Cristiano Bortone, Itália 2006), que apesar de alguns problemas técnicos durante a exibição em sala de aula, nos sensibilizou com a beleza de um filme que conta a história de um menino apaixonado pelo cinema e que após um acontecimento tem sua vida completamente modificada. Com a ajuda de um velho gravador e de alguns amigos, ele começa a reescrever sua história, a de seus colegas e da própria escola numa bela metáfora do cinema e suas possibilidades de sonhar, imaginar, criar e transformar.


quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Vivências e experiências sobre cinema na infância


Pensar a relação que temos com o cinema imlica pensar nas vivências e experiencias que tivemos em nossa infância.


No primeiro encontro para conversar sobre as experiências com cinema em nossa infância, a diversidade dos depoimentos demonstra a riqueza de compartilhar vivências e a importância de ressignificá-las em outro tempo e espaço de nossas vidas.

Mas o que será que essa magia do tempo espaço próprio do cinema promove em nossas vidas? Vejamos algumas aproximações aos fragmentos da memória narrada e compartilhada:

“Nunca fui ao cinema na minha infância. O primeiro filme que assisti foi Rei Leão, na Sessão da Tarde”.

“Meu contato com cinema foi muito cedo, tinha uma tia que trabalhava no Cine Carlitos. Assistia Trapalhões  e Xuxa. Na escola não lembro de ter experiência com cinema”.

“A primeira vez que fui ao cinema tinha 7 anos, no Cine São José, que ficava atrás da Catedral. Eu ia quase toda semana. Sempre gostei, sou cinéfila até hoje e passo isso aos meus filhos”.

“Na cidade que eu morava os filmes demoravam a achegar, e o primeiro que vi foi ET”.

“Na minha infância assistia aos desenhos animados da Disney, mas gostava mesmo de uma peça teatral que lembro até hoje. Depois comecei gostar de ficção”.

“Não cheguei a ira ao cinema quando pequena, minha mãe não levava. O primeiro filme  que vi no cinema foi Procurando Nemo, quando tinha 14 anos. Depois gostei e comecei a ir com amigos”.

“Era um evento, toda a família ia ao cinema.”

“Gostava de ir nas locadoras, mas também ia muito ao cinema com a família. O filme que mais marcou foi Aladim”.

“Nuca fui ao cinema na infância, morava no interior e não tinha cinema na cidade. Mais tarde assisti Titanic, que foi um filme que marcou.”

“Quando era criança nunca fui ao cinema, só adulta. E não consigo lembrar filmes que assisti na infância, talvez pela falta de variedade”.

“Na primeira vez que fui ao cinema quando era pequena fui assistir ao filme da Xuxa”.

“Não tenho muito lembrança de ter ido ao cinema. Preferia ir na locadora”.

“De criança meus pais nunca me levaram, e a primeira vez fui com a madrinha de meu irmão ver Mulan”.

“Não lembro quando meus pais me levaram, mas fui ver um filme dos Trapalhões, de Renato Aragão. Depois comecei a gostar, assistia sessão da tarde, ia na locadora, via de tudo junto com meus pais, até filme de terror. Aprendi a gravar... Meu conceito de princesa era baseado nos filmes”.

Nessa pequena amostra, é possível perceber o quanto a presença ou ausência  do cinema e dos filmes podem estar presente de uma forma ou de outra em nossa vida.  Seja como a sétima arte, conhecimento, valores, cultura, entretenimento e tantas outas possibilidades.

Recuperar parte dessa experiência pode fazer a diferença nas formas de mediação que podemos construir  para aproximar  o cinema na vida de outras crianças...