A idéia era iniciar nosso ciclo de exibição de filmes com Cine
Paradiso (Giuseppe Tornatore, Itália,1988) para apreciar um belo filme e discutir um pouco sobre a história do
cinema e seus possíveis significados na vida das pessoas. No entanto, esse
filme ficou para “tarefa de casa” e O Garoto Selvagem (F. Truffaut, França,
1969) foi o primeiro filme que assistimos no contexto da proposta de sala de
aula. Após contextualizar a obra, o diretor e a própria história, assistimos ao
filme e fizemos alguns comentários sobre o que mais chamou a atenção: desde
aspectos da temática do filme (roteiro adaptado de uma história real, visão de educação,
criança, modos de ensinar) até alguns
aspectos como a música do filme e os cortes das cenas. Como síntese, algumas
questões sobre a relação natureza-cultura e o papel da linguagem nesse
processo.
No encontro seguinte fizemos um pequeno passeio no tempo,
mais precisamente na história do cinema, a partir de uma mini-oficina desenvolvida
com a participação de Alessandra Collaço. Ao abordar aspectos históricos do cinema,
seus principais gêneros e outras curiosidades aliadas à exibição de diversos fragmentos
de filmes, a discussão instigou o nosso
pensar sobre como hoje o cinema se configura para nós. Como avaliação,
possibilitou “um olhar diferente, crítico, para pensar também na educação”, “ampliou
a visão para assistir ao filmes, agora se interessa mais por algumas coisas que
antes nem sabia”, “tem filmes e cenas que
provocam, quase não consegui ver mas achei bem interessante”, “fiquei com
vontade se saber mais”.
Se a formação cultural faz parte dos objetivos de nossa
proposta, por que não ir ao cinema apreciar um belo filme que fala sobre
diversas questões da condição humana? Foi o que o grupo fez ao assistir
Intocáveis (Olivier Nakache, Erick Toledano, França, 2012) em exibição nos
cinemas da cidade. Afinal, o que muda assistir a um filme no contexto próprio
da sala de cinema e assistir em casa baixado da internet? O sorriso no rosto, a
leveza dos comentários e o brilho no olhar revelado na saída do cinema dizem
muito sobre essa experiência estética que esse filme propicia e sobre essa
prática cultural, social e coletiva que faz parte de nossa formação. Na semana seguinte, aspectos da relação da
amizade tratada no filme ainda ressoavam nas falas sobre os valores, compaixão,
contrastes, estilos de vida, deficiência, dificuldades e outras formas de liberdade.

Para além da fruição, é possível analisar e interpretar o
filme com outros olhares. E para apurar o olhar e elaborar uma análise mais
detalhada sobre outros aspectos da fruição, há diversas possibilidades que os
estudiosos apresentam. Como síntese, elaboramos alguns elementos que podem ajudar nossa
análise, desde dados técnicos sobre o filme, a história, a estrutura narrativa,
os personagens, os possíveis significados do filme para nós, seu endereçamento,
até aspectos da linguagem audiovisual e
cinematográfica. Com esses dados iniciais para prestar atenção, assistimos ao
filme Vermelho como o céu (Cristiano
Bortone, Itália 2006), que apesar de alguns problemas técnicos durante a
exibição em sala de aula, nos sensibilizou com a beleza de um filme que conta a
história de um menino apaixonado pelo cinema e que após um acontecimento tem
sua vida completamente modificada. Com a ajuda de um velho gravador e de alguns
amigos, ele começa a reescrever sua história, a de seus colegas e da própria escola
numa bela metáfora do cinema e suas possibilidades de sonhar, imaginar, criar e
transformar.
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