segunda-feira, 19 de outubro de 2020

Grupo 4: 21/10/2020

Coraline e o Mundo Secreto (Coraline, 2009, de Henry Selick)

























Título original: Coraline
Direção: Henry Selick
Autor: Neil Gaiman
Canção original: Other Father Song
Data de lançamento: 6 de fevereiro de 2009 (Mundial) e 13 de fevereiro de 2009 (Brasil)
Duração: 100 minutos
Nacionalidade: EUA
Classificação: L - Livre para todos os públicos
Gênero: Animação, fantasia, família

Henry Selick, diretor de sucessos como “O Estranho Mundo de Jack” (1993) e “James e o Pêssego Gigante” (1996) retornou em 2009 para o mundo mágico de criaturas fantásticas que ganham vida através da técnica do stop motion em “Coraline e o Mundo Secreto”. No roteiro, que é adaptado da obra de Neil Gaiman, que fez parte da produção e deu palpites na narrativa, somos apresentados à Coraline Jones e seus pais, que se mudam para uma velha casa um tanto peculiar que tem 150 anos de idade e é rodeada de vizinhos excêntricos. Os pais são escritores, e Coraline não recebe muita atenção deles, por isso se sente deixada de lado; os vizinhos são um malabarista de circo, duas velhas atrizes confusas e um menino que vive com a vó chamado Wybie, com quem Coraline vive implicando. A garota tenta chamar atenção dos pais o tempo todo, até que o pai dá uma missão para ela, explorar a casa. A partir dessa exploração a garota abandona tais frustrações com a vida no momento em que se depara com uma porta pequena trancada e a chave que a abre. Pensando no cinema (ou na literatura) de uma forma mais geral, a premissa de Coraline é semelhante à de obras como: Alice no País das Maravilhas (1951), Labirinto – A Magia do Tempo (1986) ou O Mágico de Oz (1939). Assim como em Coraline, todos esses filmes nos apresentam crianças/jovens que seguem uma jornada básica: a protagonista é uma garota curiosa, corajosa e criativa; estão um tanto entediadas com suas vidas monótonas, que aos olhos delas é sem graça e nada divertida; e elas conhecem um mundo mágico que ao mesmo tempo em que é estranho e tenebroso também é deslumbrante.

 Ao atravessar a porta Coraline descobre uma outra dimensão, ela é levada para um mundo paralelo que imita o mundo dela, mas muito melhor, porém os personagens (menos a Coraline) têm os seus olhos substituídos por botões de roupa. Se esse mundo estava na imaginação dela ou não (fato reforçado por essas passagens para o outro mundo acontecerem algumas vezes quando ela estava dormindo) não fica bem claro, há discussões de quem acredita que tudo não passava de sonhos, pelo fato de a vida dela não ser o que queria, então criou de forma onírica um mundo todo pra ela no qual tudo era perfeito, a comida era boa, tinha bastante brincadeiras com seus pais e tudo era incrível, mas em dado momento, percebeu que ela estava querendo trocar o mundo real pelo mundo criado. A dilapidação de sua velha casa no mundo real entra em contraste com as cores fortes e vibrantes desse outro mundo e seus ambientes bem organizados, criados para agradar Coraline. Lá ela também encontra uma outra mãe e um outro pai, iguais aos seus pais verdadeiros. Esses outros pais buscam mostrar para Coraline que são tudo o que os pais dela não são, seja na atenção que dão para ela ou pelo fato de a mãe cozinhar comidas gostosas. Lá ela volta a ter coisas das quais sente falta: lazer garantido e sensação de pertencimento, por ser acolhida. No mundo real Coraline não sente que pertence ao mundo de seus pais. Porém, a garota percebe que ter seus desejos atendidos nessa outra dimensão tem um custo alto. Ela descobre que a outra mãe é na verdade a Bela Dama, uma criatura que está interessada em tomar sua alma, e que todo aquele mundo é apenas uma ilusão que logo desaparece. Há fantasmas de criança aprisionadas na casa, que ela só os encontra quando não obedece a ordem da outra mãe, que deseja costurar os botões no lugar de seus olhos, que é quando ela se dá conta de que se trocar seus olhos pelos botões, ela perderia a sua liberdade e ficaria sob o comando da segunda mãe. Nesse momento ela percebeu que não podemos fugir da realidade para esse nosso porto seguro, nele a gente abre mão de coisas únicas como a liberdade. Quando há recusa, ela é colocada num quarto junto com as crianças fantasmas, que relatam seus dramas, e pedem sua ajuda para conseguirem se libertar. O gato de Wybie também ajuda na empreitada, já que ele consegue transitar entre os dois mundos. Depois de tudo isso, Coraline foge e com muita dificuldade chega no mundo real, porém a sua jornada para valorizar seus verdadeiros pais não acaba por aí. Eles são raptados e Coraline precisa enfrentar novamente o outro mundo para poder resgatá-los. Apenas depois de derrotar a Bela Dama e libertar as crianças fantasmas é que Coraline dá seu salto emocional e amadurece o suficiente para aceitar seus pais como são, apesar de serem um tanto negligentes. Ela também se sente mais preparada para encarar os medos da vida cotidiana e procura aproximar sua família e seus vizinhos de si, buscando fazer as pazes com o seu mundo real e com quem faz parte dele.

A narrativa é conduzida tendo como ponto principal a relação entre Coraline e seus pais, em especial com a sua mãe e a dor do crescimento, e o quão difícil e complicado é tornar-se adolescente. O embate de Coraline tanto com a mãe quanto com a outra mãe é algo comum na vida da maioria das pessoas. É normal ouvir histórias de crianças que se isolam do mundo real e criam seu próprio mundo imaginativo de maravilhas, e muitas delas sonham com essa pequena porta que pode nos levar para essa outra dimensão. Muitas vezes o mundo de fantasia é o refúgio das crianças. O filme nos aponta a importância de dar atenção para essas crianças nesse período de solidão e insatisfação do mundo real. Dar abertura para saber o que elas sentem e respeitar seus interesses é importante, pois crescer em silêncio é doloroso, principalmente no período de expansão da autoconsciência, pois é quando normalmente tendem a serem rebeldes, raivosos e revoltados. É preciso um olhar acolhedor antes de achar que tudo é drama; escutar é muito significativo.

“Coraline e o Mundo Secreto” nos oferta um olhar um tanto tenebroso da história de uma criança, mas nem por isso a narrativa deixa de ser tocante. Ao vincular esse mundo imagético com o horror, é criado uma transmissão desafiadora pela qual crianças e até mesmo adultos podem percorrer e analisar seus medos mais profundos e seus desejos de pertencimento. O arco emocional de Coraline nos revela que encarar nossos medos e angústias faz parte do dia a dia e é importante enfrentá-los. É como o próprio Gaiman escreveu na introdução de comemoração ao décimo aniversário do livro “Ser corajoso não quer dizer que você não está com medo. Quer dizer que você está com medo, mas fez a coisa certa de qualquer jeito”. A vida de Coraline pode não ser perfeita, mas é isso que a torna real.

Esse filme é indicado sim para crianças, podendo trabalhar o assunto da imaginação, da fuga da realidade, de como lidar com conflitos sendo eles familiares ou pessoais. Além disso trabalhar o entendimento do seu lugar no mundo, saber que cada pessoa tem o seu tempo e jeito de ser. Elas não precisam ser ou agir como você espera, mas nem por isso deixam de ser interessantes, basta você mudar o seu jeito de olhar para elas, suas expectativas.


Escolhas da Vida (Alike, 2015, de Henry Selick)
























Título original: Alike
Produtor: Daniel Martínez Lara e Rafa Cano Méndez
Roteiro: Daniel Martínez Lara
Ano de produção: 2015
Data de estréia: 6 de novembro de 2015 (mundial)
Duração: 8 minutos
Nacionalidade: Espanha
Classificação: L - Livre para todos os públicos

Gênero: Animação, drama, família


O curta-metragem espanhol “Escolhas da Vida” (2015), de Rafa Cano Méndez e Daniel Martínez Lara nos traz a questão do como guiar os filhos para um caminho certo. E é quando nos ocorre a pergunta: qual é o caminho certo?

Em seus curtas anteriores Daniel Martínez Lara já trabalhou com a questão de mudanças na vida e na rotina, em “Escolhas da vida” ele agrega tudo isso à experiência de criar um filho e nos mostra como funciona essa relação paternal. Situados em uma cidade grande acompanhamos o vínculo de um pai e um filho e sua trajetória agridoce.

Uma animação sem falas, mas que com as ações dos personagens conseguimos identificar suas emoções. Uma sociedade que não tem cor, mas as crianças nascem coloridas e com passar dos anos vão perdendo e se tornando cinzas como os adultos. Uma sociedade que padroniza todos. Para se comportarem de uma certa maneira para serem aceitas no grupo – criança fora desse parâmetro não é aceita. E aí começam todos os problemas. A criatividade vai sendo censurada, a criança vai perdendo seu brilho e alegria. Um pai já afetado pelo sistema vai aos poucos arrastando seu filho para esse mesmo caminho, transformando a escola em uma obrigação árdua e o limitando das artes (música, desenho). O curta-metragem mostra a triste realidade de uma vida monótona e cheia de responsabilidades em que a cor do personagem demonstra seu sentimento. Mostra o dia a dia de um responsável e uma criança que vive feliz e cheia de imaginação até o momento que se depara com a escola. O responsável coloca na mochila da criança os livros que podem ser interpretados como a responsabilidade que a escola traz. O pai segue para o seu serviço e constantemente demonstra sua frustração com o mesmo.

Podemos ver que o modelo educacional segue a mesma linha que as fábricas, que o aluno é uma conta bancária e devemos depositar  o conhecimento nele. A vida segue e os dois ficam cada vez mais frustrados com tudo.  A empolgação do filho com as coisas boas da vida é o que dá forças e faz o pai se sentir melhor, embora inicialmente ele não se dê conta disso. À medida em que a jornada de trabalho diária vai chegando ao fim o pai vai perdendo seu brilho e sua cor, devido ao cansaço e as frustrações relacionadas a seu emprego; e é o reencontro com o filho após o expediente que revigora suas forças. Mas de tanto ser repreendido por não fazer as coisas do “jeito certo” (desenhar ao invés de copiar o alfabeto corretamente, ou apreciar um violinista tocando em meio ao caos da cidade) o garoto vai desanimando com o mundo em geral e vai perdendo seu entusiasmo natural.  Na escola a criança é podada e impedida de ser livre, tendo que seguir um padrão de ensino. Quando o pai se dá conta disso, percebe o quão errado foi por não manter um equilíbrio na vida da criança e busca melhorar suas atitudes. É possível observar isso quando ele leva o menino para ver o violinista tocar e ao chegar no lugar de costume não encontram o músico, o pai se posiciona no lugar em que o violinista ficava e começa a tocar um violino imaginário, o que encanta o filho e deixa as pessoas em volta admiradas – o menino fica feliz e sua cor vai retornando, pai e filho voltam a ser mais entusiasmados. O filme nos traz a importância de permitir que as crianças façam as suas próprias jornadas. Afinal quem disse que não se pode aprender desenhando, ou apreciando uma música? A criatividade não pode ser sufocada pela rotina diária.

A animação faz uso de cores frias e desbotadas para retratar as mudanças de sentimentos dos personagens, tal como a alienação e estresse que a cidade causa, que bate de frente com as cores saturadas usadas nos desenhos do menino, ou no local no qual o violinista está posicionado. O curta também faz muito uso de closes e planos médios, usados para exibir melhor as expressões faciais e as posturas corporais, pois é assim que os conflitos são transmitidos, já que o filme não tem falas. Os planos abertos e gerais, por sua vez, nos apresentam a cidade e todas as situações rotineiras e repetições que vão acontecendo na vida dos protagonistas.

Este é um ótimo curta para assistir em sala com as crianças, pois de uma maneira delicada a narrativa expõe o quão é valoroso o diálogo nas relações entre pais e filhos, a identificação da criança com o exemplo exposto e o cuidado que se tem que ter com a escola para que não se torne um lugar que só sabe padronizar e esquece de olhar para as especificidades de cada um. Sem esquecer da relevância da criatividade e do lúdico. Imaginar sempre! A arte nos alegra e nos dá um colorido. Precisamos de arte para viver, não só o trabalho, estudo. Mas a sensibilidade diante da vida é que nos faz únicos. Desenvolver a criatividade nas crianças para que se tornem felizes.


Escrito por: Denise Maria Costa, Flávia Nazaré Fermiano e Thayane Karina Ferreira

24 comentários:

  1. ANDRÉ LUIZ UMEKI MACHADO
    Alike

    É uma animação muito emocionante. Uma das coisas que mais gostei foi o título, que abre e encerra a proposta do curta. Alike, ou seja, parecidos, a todo momento faz um paralelo entre a infância e a vida adulta. É uma potente crítica ao modelo de produção capitalista, hegemonicamente neoliberal. Com a tela dividida ao meio, percebemos que a criança e o adulto têm rotinas muito parecidas em sua essência, evidenciando o papel que escola exerce na produção de corpos dóceis. A criança é treinada a seguir um certo padrão de comportamento, sentada em uma carteira o dia inteiro, preenchendo o caderno com as letras - sempre de maneira sistemática, com uma proposta pedagógica positiva, de resultados. Desta forma, a criança já vai se acostumando a viver aprisionada, e continue vivendo no cinzento mundo do capitalismo neoliberal.
    Outra crítica importante que o faz é sobre o papel da arte (neste caso, mais especificamente a música) na educação da criança. Não é de interesse do sistema que as crianças aprendam música; mais do que isso, aprender a cantar ou a tocar um instrumento não é algo que a sociedade contemporânea considere como essencial para a formação de um ser humano, de um cidadão. O violinista representa o mundo das artes, da música e desperta grande interesse do menino. O músico está tocando em uma praça, que é a única parte visível da cidade que tem cor, há uma bela árvore e grama, contrastando com o cinza da cidade, que nos faz lembrar do concreto e da fumaça dos carros. A música e a arte não se fazem parte do ensino que lhe é oferecido na escola. Há apenas a repetição das mesmas tarefas, feitas sobre o cinza do caderno, das carteiras, das paredes. É uma prisão, tanto para o filho quanto para o pai. Ao final de um dia de trabalho o pai está sem cor, sem vida, e o convívio com o filho é o que lhe traz de volta a alegria de viver.
    No final do curta, o título aparece novamente, como um grande fechamento, um retorno à ideia inicial. As letras “l” (traço mais longo) e “i” (traço mais curto) têm as cores do pai e do filho. Cor e comprimento das letras nos remetem ao pai, azul e mais alto, e ao filho, laranja e mais baixo. Nos dias de hoje, a vida de um adulto e uma criança não são iguais, porém podemos enxergar similaridades. Há uma relação dialética entre elas - o pai cria o filho, e o filho por sua vez cria o pai, já que ele também será adulto um dia, e estará inserido na sociedade. Desta forma, ele pode estar condenado a repetir a mesma história com o próprio filho se ele não mudar a relação que a sociedade tem com trabalho, estudo, artes e convívio com a família.

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  2. ANDRÉ LUIZ UMEKI MACHADO

    Coraline


    Eu já conhecia os filmes “O estranho mundo de Jack” e “James e o pêssego gigante”, trabalhos anteriores do diretor Henry Selick, e foi uma bela surpresa ter assistido à essa produção. Dentre tantos pontos interessantes, um dos que mais me intrigou foi a ideia do botão no lugar dos olhos. Tentei fazer uma reflexão sobre o que isso poderia significar. Se pensarmos nos olhos como “a janela da alma”, podemos nos indagar: o que é a alma? O que ela representa na sociedade contemporânea? Ao substituirmos nossos olhos por botões, nos tronamos bonecos de pano - sem vida, sem potência, sem liberdade. Nossa alma é o que nos torna seres humanos; mas o que nos faria perder nossos olhos?
    O mundo fantástico que Coraline visitava era aparentemente perfeito para ela, materializando os desejos e projeções que ela tinha em relação aos pais, amigos, a nova casa e a própria vida. Entretanto, esse mundo era perfeito apenas na superfície. Esse universo paralelo é uma representação do nosso autoengano. Uso de álcool ou drogas, relacionamentos abusivos, amizades tóxicas, distúrbios alimentares, jogos de azar, fanatismo religioso entre outras armadilhas da vida contemporânea podem nos levar a um mundo de ilusão, que pode parecer perfeito se não refletirmos com atenção sobre o assunto. O resultado pode ser a perda da nossa liberdade. Nas cenas em que Coraline entra no mundo fantástico, o túnel que ela percorre é sempre colorido, divertido; mas quando ela precisa retornar ao mudo real, o caminho é sombrio, assustador. É o caminho de volta à sobriedade, à realidade. Em um dos momentos que Coraline volta para casa, ela está sozinha. Quando procura os pais na cozinha, ela encontra uma sacola de compras com frutas apodrecendo, o que representa a velocidade com que o tempo passa, e como desperdiçamos muito tempo com ilusões e deixamos de viver relacionamentos reais e significativos com pessoas próximas de nós.

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  3. Confesso que essa foi a primeira vez que assisti Coraline. Nas outras vezes que tentei assistir, eu não consegui terminar, fiquei bastante desconfortável (de certa forma, ele ainda me deixa desconfortável. Não sei explicar o porquê, mas as cenas com a Bela Dama me assustaram). Porém, vejo no filme a potencialidade de refletir sobre as relações sociais, principalmente as relações familiares. E, claro, os conflitos internos da protagonista. O que de certo modo também aparece em Alike. Identifiquei esse ponto em comum entre o longa e o curta-metragem: ambos mostraram relações familiares, além de outros conflitos, sejam eles individuais ou coletivos. A escuta, a compreensão e o diálogo são a chave para as (possíveis) soluções.

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  4. Primeiramente gostaria de falar que gostei muito da postagem das colegas, tanto do filme quanto do curta. Também me identifiquei bastante com o comentário da Marcia. Para falar a verdade nunca tinha assistido o filme e não seria um filme que eu escolheria. No começo achei que Coraline estava vivendo seus desejos mais profundos em seus sonhos, como um mundo ideal, o mundo que gostaria de viver, cheio de toque, amor, afeto. Um mundo onde ela tinha as comidas que gostava, o quarto dos sonhos, seus amigos de longe "perto", a atenção dos seus pais e tudo mais.
    Não sei se eu colocaria para crianças, ja vi filmes com minhas primas que não tinham nada de assustador e tiveram muito medo, talvez a partir de uma idade daria certo para problematizar alguns pontos do filme.
    Sobre o curta metragem, fiquei ENCANTADA! Eu passaria para todas as idades por trazer temas bem importantes e problemas difíceis de serem abordados de forma muito leve.

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  5. O filme Coraline me deixava desconfortável quando era criança e ainda deixa, acredito que pela situação da família e como a imaginação da coraline é forte. Tinha medo de sonhar e não conseguir voltar pra casa, então meio que evitava ver o filme.
    O Alike e Coraline se identificam pelas relações sociais com os familiares e com eles mesmos. No curta também ressalta a padronização social, onde a criança já tem que se comportar do jeito que a sociedade acha certo.

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  6. Confesso que nunca tinha assistido "Coraline", acredito que justamente pelo fato de ter uns toques sombrios durante a história. Como bem colocou o grupo, a menina vivia numa solidão, mesmo morando com os pais ela estava praticamente sempre sozinha. Não havia tempo deles brincarem com ela e muito menos conversarem. No mundo colorido que ela encontra além da pequena porta, ela acha tudo que queria, pais presentes, companhia e diversão. Por um momento ela cogitou viver nesse mundo, mas depois desistiu, pelo simples fato de que aqueles não eram seus pais de verdade, por mais que lhe proporcionassem tudo que quisesse. Com certeza é um filme que vai para minha lista...
    No curta "Alike" fica claro a questão das escolhas da vida. Aqui também é bem presente as relações familiares. O curta mostra como os sonhos e ideias das crianças são, muitas vezes, talhados pelos adultos. Há um modo de educação escolar que valoriza a repetição, sem espaço para reinventar, como foi na cena em que Alike escreveu as letras do alfabeto em forma de desenhos, e o professor insistiu que fosse da forma tradicional. Acho interessante o fato de que, em ambos os filmes, há o uso de cores cinzas e sem vida para representar tristeza, solidão, exaustão, um mundo indiferente. E há cores vibrantes, que se destacam, e representam alegria, um mundo mais colorido e cheio de vida.

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  7. Tanto no filme como no curta, é presente a monotomia dos pais em relação aos seus trabalhos, eles não permitem viver além disso. Coraline encontra através de uma porta um outro mundo que para ela é perfeito, onde ela se diverte com seus pais e tem uma vida alegre, já no curta o menino encontra num simples violinista sua alegria, porém sempre é "empurrado" para escola por seu pai que já está exausto como todo o Mundo do curta, muitas vezes ceder e saí da rotina como ambos trazem no final é saudável para todos, porém muitas vezes pode ser tarde demais.

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  8. Amei as sugestões de vídeos, são realmente bem instigadores, tanto para professores e pais, pois deixar a criança crescer com sonhos, sentindo-se amada e respeitada, valeu muito. Parabéns ao trio

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  9. Em Coraline, vemos que a relação com seus pais não é muito boa - trabalhando o dia todo e relapsos com o que acontece com a menina.E tudo muda quando descobre uma porta que ao abrir a leva para uma " vida" mais fascinante e alegre, onde seus pais se importam e se divertem com ela. Só que um detalhe chama atenção, todos -exceto Coraline - possuem botões do lugar dos olhos. Então a gente descobre que nem tudo é o que parece ser.
    E em Escolhas da Vida, temos coisas parecidas com Coraline, onde a relação entre pai e filho não é muito boa. Ajuda a ressaltar a importância da escuta entre pais e filhos. E que sair da rotina de trabalho é bom, ajuda a alegrar mais a vida.

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  10. O filme “Coraline e o Mundo Secreto”, assim como o curta-metragem “Escolhas da Vida - Alike” reproduzem e possuem uma mesma essência quando são analisados em conjunto. Os dois trabalham a ideia do trabalho em primeiro lugar, deixando de lado a criança e tudo que ela carrega consigo, principalmente o lado da imaginação, o qual é tão demonstrado nestes. Trazem muitas reflexões e questões a serem pensadas, gostei bastante da escolha, principalmente do curta e também da síntese trazida pelas colegas!

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  11. O filme e o curta-metragem possuem um enredo no qual ainda hoje muitas crianças se identificam, a realidade de muitas famílias fazem com que muitas crianças sejam deixadas de lado na questão afetiva, para suprir a questão alimentícia, por exemplo (tempo de afetividade consumido pelo tempo do trabalho). Acredito que é papel do educador trabalhar essas diferentes realidades e histórias dentro de sala de aula e nessas animações pode ser um bom meio para tratar a questão familiar e os sentimento, sempre com o acompanhamento do educador e sua invenção nos momentos onde as crianças expressem qualquer tipo de sentimento negativo.

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  12. Eloisa Hilleshein Kuhn21 de outubro de 2020 às 19:14

    Tanto o filme quanto o curta-metragem trazem aspectos bem pertinentes sobre a relação família e criança. A relação da criança ser muitas vezes deixada de lado, como mostra o filme, é um aspecto que acontece bastante nos dias de hoje. Muitos pais estão tão ocupados com os afazeres do trabalho que "esquecem" de dar atenção para os seus filhos, que precisam desse contato proximal com os seus pais.
    Achei tanto o filme quanto o curta-metragem bem interessantes, gostei bastante da escolha e da síntese das colegas!

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  13. Eu já conhecia ambos os filmes, entretanto já havia assistido um deles, o curta Alike - várias vezes, inclusive; sempre que alguém compartilha na timeline do Facebook, eu assisto. Coraline é um filme que eu já conhecia um pouco da história por minha irmã gostar muito, tanto do livro, quanto do filme. Mas nunca havia parado para assistir. Ambos trazem reflexões muito interessantes sobre os temas família, escola, conflitos e sociedade. Coraline, primeiramente, traz com uma força significativa as questões familiares e os conflitos internos de uma pré-adolescente que sente ser a última prioridade de seus pais. Eles não dão atenção aos seus anseios, medos e dúvidas e ela sente-se sozinha em um novo lugar. Em resumo, ela vive em um mundo imperfeito, e gostaria que muitas coisas fossem diferentes. E então ela descobre um mundo secreto, em que tudo acontece da forma como ela gostaria: os pais são muito atenciosos e carinhosos, há sempre comida farta, a casa está bem reformada e decorada, seus vizinhos são incríveis. Mas há um grande porém: todos têm seus olhos substituídos por botões. Essa fuga da realidade através - ou não - de um sonho é muito comum nesse período da adolescência. Tudo o que Coraline quer é ser respeitada, ouvida e cuidada.

    Enquanto isso, no curta Alike, a história expõe uma sociedade mecânica, assemelhada a uma fábrica. Os alunos são moldados pela escola para serem bons repetidores de comportamento para trabalharem quando crescerem. Em um esquema interessante de cores, conforme são moldados pela escola, e vão crescendo, as crianças vão perdendo as cores - todos os adultos são cinzas, menos o violinista, que nada contra a corrente e se liberta do sistema de repetição. O menino protagonista do filme se encanta pelo músico, e quer ser que nem ele. Mas o pai o faz retornar à escola, e o menino vai ficando insatisfeito e triste.
    No fim das contas, a grande mensagem que ambos os filmes passam é: escutem as crianças, deem atenção à elas, acolham, cuidem.
    Gostei muito da experiência de assisti-los e também da síntese realizada pelos colegas.

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  14. Adorei ter visto o curta Alike, achei que ele aborda em pouco tempo diversas questões: a importância de receber/dar carinho, do acolhimento, a questão de como os adultos muitas vezes podam as crianças, a monotonia que muitas vezes se torna o nosso dia a dia, a importância da cultura (da música) e como isso desperta nas pessoas, etc. Achei muito interessante também como são tratadas as cores, a representatividade do branco, preto e cinza e do colorido.

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  15. O curta metragem Alike é muito interessante e atual. Acredito que muitas crianças se identificam com a criança ali representada. Assim como no filme "Coraline e o mundo secreto", a abordagem de que os adultos estão sempre ocupados com seus trabalhos, e não dão muita atenção as crianças. Outro ponto interessante a ser trabalhado é a imaginação que a Coraline possui.

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  16. Alike

    O curta Alike me faz refletir sobre as nossas vidas, sobre o papel dos adultos e das crianças dentro da sociedade, como nós, adultos estamos tão anestesiados que não conseguimos enxergar as formas poéticas que estão ao nosso redor. Como vamos entrando em papéis feitos exatamente pra gente em determinados lugares dentro da sociedade. Estamos nos tornando um acinzentado sem graça. As vezes me sinto assim.

    Já havia assistido esse curta algumas vezes mas nunca em um espaço formativo, então fico me questionando sobre a forma que a escola, a educação e o processo de aprendizagem são inseridos nesse curta. A escola e a figura do professor são mostradas como autoridades, a educação de forma tradicional e nunca fora do convencional. A aprendizagem é feita de forma mecânica e sistemática como mostrado na cena em que o Alike refaz a atividade várias vezes até ficar da forma que o professor quer.

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  17. Coraline

    O filme Coraline é um filme de um gênero que eu particularmente gosto bastante. Adoro filmes em stop motion, acho um trabalho incrível e detalhista de ser realizado e essa produção esta de parabéns. Além disso é um filme que tem uma história meio aterrorizante e misteriosa, te prende e mexe com a realidade que ela mesmo está inserida, você fica meio sem entender nada no começo mas depois fica tudo bem claro. Eu gostei bastante de este filme estar nas nossas discussões.

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  18. “Coraline eo mundo secreto” já é o filme que sei que vou assistir quando tenho como convidada minha afilhada de 6 anos, Emilly, por conta disso já conhecia essa obra e já havia assistido algumas vezes, quem têm contato com crianças sabe como os pequenos gostam de ver e rever suas obras preferidas e este, com toda certeza, é o filme que a Emilly mais gosta nesta fase. Apresentei esse filme a ela ano passado, pois Emilly faz parte do grupo de crianças que ama filmes de terror, com a intenção de trocar “Anabelle” (2014) ou “It - A coisa” (2017) por algum filme que trouxesse novas experiências para ela. Apresentei esse, entre outros, para que ela conhecesse essa outra forma de terror, adequado para a idade. Com isso resolvi compartilhar com vocês essa pequena entrevista que fiz com ela para ver como ela enxerga essa obra, segue descrição da entrevista:

    Tati: “Você gosta do filme? O que acha sobre o filme?”
    Emilly: “Gosto muito, porque acho ele muito legal, porque eu amo ele, acho ele muito legal, engraçado, mas não gosto quando a filha briga com a mãe, porque a mãe ficou com olho de botão. Ela acha que é a verdadeira, mas não é, é outra mãe, uma mãe bruxa.”

    Tati: “Coraline no início do filme estava entediada, sabe porque?”
    Emilly: “Por causa que a família não dava muita atenção, o pai tava trabalhando e ela pediu pra plantar e o pai não deixou, daí ela ganhou uma boneca igual a ela, daquele garoto, aaah… a não sei o nome daquele garoto.Tava entediada por causa da mãe dela não tava dando bola e nem o pai, daí ela descobriu aquela porta que dava pra família de botão. A mãe abriu a porta e só viu tijolos, não sabia que era um lugar secreto. (risos)”

    Tati: “E nesse mundo novo Coraline era feliz?”
    Emilly: “Quando ela chegou ela era sim, mas o mundo feliz não era um mundo feliz, era um mundo de tristeza eu acho. Não era feliz, por causa eu acho que ela sentiu uma tristeza, porque incomodou com alguma coisa, porque ela não sabia que os pais dela eram bruxos. Porque a família nova não deixou ela muito alegrada, porque a mãe bruxa era ainda mais brava com ela, ela deu tudo pra Caroline, mas depois veio a história de bruxa, depois começou a vir aquelas coisas de fora do normal.”

    Tati: “E Porque a outra mãe queria costurar os olhos de Coraline?
    Emilly: “Queria pra pegar a alma e o coração dela, aa.. e a carne também.”
    Continua...

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  19. Continuação da entrevista com a Emilly:
    Tati: “Coraline tinha problemas com sua família, tu acha que a troca de famílias ajudou ela?” Emilly: “Não só deu muita tristeza também, daí começou aquela família de olho de botão e quando ela viu a mãe verdadeira no espelho ela estava passando frio, estava no inverno e triste e ela ficou triste. Mas não ajudou porque a mãe bruxa era malvada e queria tirar os olhos dela.“

    Tati: “Então trocar a família para resolver os problemas não adiantou?”
    Emilly: “Não, não adianta. Não adiantou nada porque ela achou alguma coisa estranha na nova família né, mesmo a família dela sendo brava ela achou um negocio estranho no olho da outra mãe e ela quis de volta a família de verdade e ela não sabia onde estão.”

    Tati: “Qual parte que tu mais gostou do filme e a que não gostou?”
    Emilly: “Tudo, tenho que dizer que achei a parte do final do filme, quando acaba, eu amei aquela parte, a parte que têm a “teiona” de aranha. Mas não gosto da parte que a mãe bruxa ficou brava com a Caroline.”

    Tati: “Você acha que a Coraline aprendeu a Gostar mais os pais de verdade depois do que aconteceu?
    Emilly: Sim, porque os pais antigos são bons, deram muita educação e felicidade pra criança, dão muita alegria e muito amor. Acho que agora ela ficou um montão de feliz e cheio de beijinhos, por causa que ela não sabia que os pais dela eram muito bom. Ela achou que os pais dela eram ruins, mas eles são muito bons e carinhosos, porque todos os pais amam as crianças. Eu acho que ela aprendeu a ser educada, aprendeu a viver com os pais, aprendeu a amar os pais, aprendeu a ser muito boa e feliz com eles.”

    Achei extraordinário perceber como ela recebeu esse filme e como, na sua imaginação, internalizou essa obra. Mais tarde ela disse pra mim que entendia Coraline, pois a mãe falsa dava tudo que ela queria, mas não dava amor e segundo ela “as crianças precisam de amor”. Ainda terminou pedindo pra mandar um recado para a turma:
    “Quem inventou esse filme deve ta feliz e muito mais feliz ainda né, porque trouxe muita alegria vendo o filme da Coraline. Muito obrigada pelo filme, espero que vocês tenham gostado, beijos para todo mundo da turma, um beijão. Um beijão pra Prof. da Dinda. “ (Emilly, 6 anos).
    Ainda compartilho alguns filmes de terror infantil, para estas crianças que amam:
    - O Estranho Mundo de Jack (1993)
    - A noiva cadáver (2005)
    - Hotel Transylvania 1,2 e 3 (2012, 2015 e 2018)
    - Os fantasmas se divertem (1988)
    - A casa mosntro (2006)
    - Gasparzinho, o Fantasminha Camarada (1995)
    - Convenção das Bruxas (1990 e 2020)
    - Frankenweenie (2012)

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  20. Coraline foi um dos meus filmes preferidos na infância. Ainda continua sendo uma de minhas animações preferidas. Assim como Noiva Cadáver, que tem o mesmo estilo de animação.
    A atmosfera de mistério, era um dos elementos que mais em atraía, e penso que esse foi um dos elementos que mais chama atenção das crianças que assistem, um dos motivos do grande sucesso do filme.
    A quebra de padrões, da narrativa ser mais "crua" e conter elementos por vezes "assustadores" pode causar estranhamento para muitos, como observado no comentário de alguns colegas acima.

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  21. Os dois filmes retratam sobre um certo abandono familiar e como a visão da criança por vezes é ignorada. Eu particularmente não sou muito fã de Coraline, justamente pelo cenário assombroso, hoje em dia consigo ver e achar o filme lindo, mas quando criança não foi trabalhado de uma forma que me convencesse a gostar do filme com afinco. Rever Coraline me fez perceber o quando esse filme tem várias possibilidades de assuntos a serem trabalhados e serem inseridos na vida de um criança. Já o curta trabalha de uma forma mais leve o abandono, pois o pai esperava todos os dias pelo filho para se tornar mais alegre. O curta me encantou justamente por mostrar isso, porque eu tenho a visão de que as crianças alegram e eu as vezes me sinto aquele pai com meus irmãos, só esperando um abraço para sentir um maior alegria dentro de mim.

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  22. As duas obras abordam os mesmos temas, a relação pai e filho. Quando assistimos os filmes podemos notar que não existe diálogo entre os membros da família, este é um dos pontos muito importante, o diálogo. Muitos problemas podem ser resolvidos se sentarmos e conversarmos. É possível notar também que há solidão, tanto por parte dos pais, quanto por parte dos filhos. O foco está sempre no trabalho e pouco na família.

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