Para
discutir a relação cinema, criança e educação
no contexto da mídia-educação, começamos a problematizar os usos do filme na
escola para além do seu caráter de substituição. A importância de entender o
cinema como arte, indústria, entretenimento e linguagem nos leva a discutir seu
estatuto epistemológico e sua importância na formação: acesso à cultura,
imaginários, valores, experiências de encontro, repertórios comuns e tantos
outros aspectos que podem ser ressignificados a partir das histórias que os
filmes trazem. Retratos de uma pesquisa intercultural sobre a relação criança e cinema e um percurso didático na escola mostram que é possível trabalhar com diversas dimensões do filme na escola e tal experiência é compartilhada no livro Crianças, cinema e educação: além do arco-íris.
Na
perspectiva da mídia-educação, os filmes podem ser apreciados, interpretados,
analisados e também produzidos, por que não? Mesmo sem ser pretexto para outras
atividades, se tivermos a possibilidade de assistir e discutir certos filmes de
forma contextualizada, certamente será uma experiência mais rica se reconhecermos
os códigos de sua linguagem audiovisual e sua estrutura narrativa. E se
pensarmos nos filmes como possibilidade de formação, critérios de escolha e
adequação precisam ser discutidos pedagogicamente para pensar nas mediações
necessárias.
Com
tais pressupostos fizemos um exercício de análise de filmes para crianças a
partir de um roteiro prévio e de alguns textos para ampliar o olhar.
Assistir
ao filme A Pequena Miss Sunshine (J.
Dayton e V. Faris, EUA, 2006) foi uma ocasião de discutir certos valores de uma
“família desajustada” focalizando a imagem da criança (sonhos, dilemas,
atitudes e corporeidades), o silêncio como gesto e espaço interno de elaboração
e confronto), a travessia como transformação e descoberta, a crítica com leveza
e bom humor. Tantas outras impressões e reflexões compartilhadas que constroem
visibilidades a partir do olhar do outro que amplia o meu.
Como
experiência de produção, a proposta de uma mini-oficina de animação, com
participação especial de Alessandra Collaço, possibilitou o exercício de expressão
em outras linguagens. A partir da técnica do stop motion pequenas equipes brincaram de
animadores e produziram suas primeiras animações.
E
por falar em animação, assistir Kiriku e a feiticeira (M. Ocelot, Franças,
1998) trouxe um outro exercício do olhar para a outras estéticas e para a
diversidade. O pequeno protagonista e herói é uma criança com necessidade de
entender melhor o mundo em que vive de
ajudar a aldeia onde mora. Para isso, ele pergunta. Suas perguntas percorrem a
trama fílmica e narrativa em cenários de uma representação da África de forma muito
original e respeitosa. Tradições, cantos e danças nos rituais coletivos destacam o papel da criança e do ancião. O
simbolismo que expressa as luzes e cores na história não passam despercebidos.
Enfim, um filme de animação que encanta pela simplicidade e que certamente é possível
articular com tantas outras histórias de
cada um.
Entre um universo de possibilidades, a linguagem que o cinema promove funciona como ferramenta no auxilio a uma didática consitente de detalhes, diferenciando das demais que educa apenas para uma visão literária da história ou motivo ensinado, limitando o universo possível que é tranmitido pelo mundo do Cinema.
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ResponderExcluirA disciplina cinema infância e educação esta me proporcionando ter um olhar mais atencioso dentro das várias linguagens que esse universo do cinema proporciona. Gostei todos os filmes que assistimos, e dos debates em sala de aula.
ResponderExcluirDesde que eu passei a me aprofundar sobre a temática do cinema, em especial relacionado a própria criança, comecei a adotar uma visão mais critica e analítica não só nos filmes como também no contexto do dia-a-dia e nas minhas próprias experiências quando criança ao me deparar com os filmes que gostava - e por que gostava - de assistir.
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